Os suplementos de colágeno têm ganhado destaque como alternativas para melhorar a elasticidade da pele, embora as evidências sobre sua eficácia ainda sejam questionáveis.
Com a crescente popularidade dos suplementos de colágeno, muitas pessoas buscam entender se realmente pode haver um impacto positivo na saúde da pele e nas articulações. O colágeno, proteína vital para a estrutura da pele e das articulações, é a proteína mais abundante no corpo humano, mas sua produção declina naturalmente ao longo do tempo.
A popularidade da suplementação de colágeno também atraiu a atenção de várias celebridades, como o empresário Bryan Johnson, que relata o consumo diário de 25 gramas de peptídeos de colágeno como parte de sua rotina para prolongar a vida.
Apesar das promessas de curas milagrosas, as evidências científicas que suportam a eficácia dos suplementos de colágeno são limitadas. De acordo com especialistas, o principal risco de consumir colágeno está relacionado ao desperdício financeiro, já que os efeitos colaterais são raros, mas a resulta final pode não corresponder às expectativas.
O colágeno é encontrado exclusivamente em tecidos conectivos de animais, e isso inclui vacas, porcos e peixes. A nutricionista Andrea Soares explica que a gelatina, por exemplo, que é amplamente utilizada em doces, é uma forma de colágeno. "Alguns suplementos de origem vegetal são anunciados como 'colágeno vegano', porém, na verdade, eles não contêm colágeno, mas sim ingredientes que ajudam o corpo a produzi-lo, como a vitamina C e aminoácidos", diz Soares.
Diferentes tipos de colágeno possuem funções variadas. O colágeno hidrolisado, que é decomposto em peptídeos, é absorvido mais eficientemente pelo organismo, enquanto o colágeno tipo 2 não desnaturado poderia contribuir para a saúde das articulações, conforme afirma o pesquisador David Hunter. A questão central é que, embora o colágeno seja frequentemente discutido, as alegações sobre sua eficácia permanecem em seu estado mais básico, em grande parte sem suporte convincente de pesquisa.
As autoridades de saúde, como a Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar (EFSA), informou que até o momento, não há evidências suficientes para garantir os benefícios à saúde atribuídos ao colágeno. "Nenhuma alegação de propriedade de saúde para suplementos de colágeno conseguiu a luz verde", enfatiza Leng Heng, cientista sênior de nutrição humana. Isso se dá principalmente pela ausência de estudos robustos envolvendo seres humanos.
Por outro lado, a promoção excessiva desses produtos levanta dúvidas. Estudos financiados por empresas de suplementos muitas vezes não são totalmente independentes, levantando questões sobre possíveis conflitos de interesse. Isso dificulta a obtenção de uma compreensão clara e objetiva sobre como esses suplementos funcionam no corpo humano.
Acredito que os riscos à saúde associados à suplementação de colágeno são baixos, mas existem preocupações com a demanda crescente, especialmente em relação ao colágeno de origem bovina, que foi associado ao desmatamento. Além disso, a EFSA também avaliou a possibilidade de que colágeno ou gelatinas possam causar novas infecções por doença de príon. Entretanto, as conclusões sugerem que o risco é mínimo.
Um dos pontos debatidos é o que acontece com o colágeno após a ingestão. Segundo a dermatologista Anjali Mahto, "existe uma falta de comprovação sólida de que o colágeno sobreviva à digestão e chegue à pele". Ao chegar ao estômago, o colágeno, assim como outras proteínas, é frequentemente decomposto em aminoácidos que podem ser reorganizados para formar as proteínas necessárias do corpo.
Além disso, muitos estudos sobre colágeno incluem outros ingredientes que também podem beneficiar a saúde da pele, dificultando a avaliação dos efeitos do colágeno por si só. Apesar disso, alguns consumidores relatam melhorias na aparência da pele. Algumas análises indicam que o colágeno hidrolisado pode promover a hidratação e a elasticidade da pele, embora seja importante ressaltar que mais pesquisas são necessárias para confirmar tais efeitos.
O professor Robert Erskine sugere que exercícios físicos podem estimular a produção de colágeno no corpo. Em seus estudos, Erskine observou que a combinação de colágeno hidrolisado com vitamina C pode resultar em uma produção crescente de colágeno após atividades físicas. Isso sugere que a atividade física pode potencializar os benefícios dos suplementos.
No entanto, a relação entre colágeno e desempenho em atletas ainda envolve pesquisas em andamento, e evidências em larga escala são necessárias. Embora algumas informações promissoras tenham sido coletadas, muitos estudos são limitados, envolvendo poucas amostras ou apresentando baixa qualidade.
Antes de tomar qualquer suplemento, é vital consultar um profissional de saúde, especialmente para indivíduos com condições de saúde pré-existentes. A interação entre suplementos de colágeno e outros medicamentos deve ser monitorada de perto. Além disso, é crucial que as pessoas que se interessem por suplementos entendam que os benefícios podem demorar a se manifestar e que nem todos os indivíduos terão as mesmas reações aos produtos.
Finalmente, muitos especialistas argumentam que o dinheiro gasto em suplementos de colágeno poderia ser mais bem investido em uma alimentação equilibrada e saudável, além de práticas como exercícios físicos e cuidados adequados com a pele. Esses métodos convencionais e bem documentados podem oferecer uma gama de benefícios para a saúde da pele e do corpo como um todo, tornando-se uma alternativa válida aos suplementos.