Nas semanas que antecedem as eleições antecipadas na Alemanha, programadas para o dia 23 de fevereiro, Olaf Scholz, atual chanceler e líder dos Social-Democratas (SPD), se depara com uma situação desafiadora. Após ter vencido as eleições de 2021 com uma margem apertada sobre os conservadores, o SPD agora se encontra em terceiro lugar nas pesquisas, muito atrás não apenas da aliança conservadora, mas também da sigla de extrema-direita, Alternativa para a Alemanha (AfD).
A gestão de Scholz foi marcada por uma série de crises internacionais. A invasão da Ucrânia e os ataques do Hamas, que desencadearam uma nova fase de conflitos na Faixa de Gaza, foram apenas algumas das adversidades enfrentadas. A coalizão tripartite, que Scholz liderava, também enfrentou conflitos internos, resultando no colapso prematuro da aliança em novembro de 2024. As desavenças em relação à fraca performance da economia alemã culminaram na demissão do ministro das finanças, Christian Lindner, um passo que refletiu a crescente tensão dentro do governo.
Além disso, a falta de confiança em seu governo levou a um voto de confiança que foi perdido em dezembro, forçando o presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, a dissolver a Câmara Baixa do Parlamento. Esse movimento abriu espaço para as eleições antecipadas. Notavelmente, Scholz convocou a nova votação, demonstrando uma estratégia política audaciosa que parece visar a realização de eleições após a perda da maioria no Parlamento.
Natural de Hamburgo, Scholz já ocupou várias funções governamentais antes de se tornar chanceler em 2021. Seu histórico inclui o cargo de prefeito de Hamburgo entre 2011 e 2018, além de ter atuado como ministro do Trabalho e Assuntos Sociais durante o primeiro governo de Angela Merkel, no final dos anos 2000. Aos 66 anos, Scholz é um membro vitalício do SPD e ainda carrega a marca de ter nascido na antiga Alemanha Ocidental, um contraste com a origem da ex-chanceler Merkel, que cresceu na Alemanha Oriental.
Scholz foi apelidado de "Scholzomat" por seu jeito mais reservado e menos carismático, e frequentemente se vê em meio a críticas. Muitos o culpam pela atual crise econômica da Alemanha e pela resposta considerada lenta às questões geradas pela invasão da Ucrânia, além de um aparente fracasso em prevenir ataques que envolvem imigrantes dentro do país.
Quanto à política econômica, Scholz defende uma reforma no freio da dívida, um mecanismo que tradicionalmente controla o déficit público da Alemanha em até 0,35% do PIB. No entanto, sua administração foi criticada por utilizar "truques contábeis" para contornar esse limite, criando fundos excepcionais fora do orçamento. Este tema tem sido ponto de debate entre os membros da coalizão, em especial com os liberais, que compõem um terço do governo de Scholz.
Scholz também se posiciona favoravelmente ao Sistema Europeu Comum de Asilo (CEAS), que seu governo havia decidido implementar antes da dissolução da coalizão. Em contrapartida, ele rechaçou propostas de seu opositor, o conservador Friedrich Merz, que sugeria a rejeição de requerentes de asilo nas fronteiras alemãs, alegando que essas ideias são ilegais.
Embora tenha sido criticado por sua hesitação em fornecer armas à Ucrânia, Scholz reafirmou a necessidade de a Alemanha e outros países da Europa apoiarem a nação ucraniana tanto militar quanto financeiramente. Após um discurso impactante no parlamento, onde anunciou a "virada dos tempos" devido à invasão russa, seu governo comprometeu-se a destinar € 100 bilhões para o fortalecimento das forças armadas da Alemanha.
No contexto atual, a preocupação dos eleitores com a economia é evidente, e isso se reflete nas pesquisas que apontam uma queda na popularidade do SPD. Scholz agora enfrenta o desafio crucial de restaurar a confiança do eleitorado e reverter a tendência negativa que ameaça sua reeleição.
Com as eleições se aproximando, resta saber como a atual crise política e econômica afetará o futuro de Olaf Scholz e do SPD. Os próximos dias serão decisivos e a resposta dos cidadãos alemães nas urnas poderá mudar o rumo da política do país.
O futuro da Alemanha está nas mãos de seus eleitores, e agora é o momento de refletir sobre as escolhas que moldarão os próximos anos.