Na quinta-feira (20), um avião trouxe de volta à Venezuela mais de 170 migrantes venezuelanos que estavam detidos na Baía de Guantánamo, após serem deportados dos Estados Unidos. As 177 pessoas foram primeiramente levadas para Honduras, de onde foram transferidas para seu país de origem, conforme informações do Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA. Este voo quase esvaziou a base naval, que abriga migrantes enviados para lá como parte da ampla repressão à migração promovida pelo ex-presidente Donald Trump.
Uma série de questões levantaram-se acerca da legalidade do envio de migrantes para essa base em Cuba, que é amplamente reconhecida por deter prisioneiros da “guerra ao terror” liderada pelos EUA. O Departamento de Segurança Interna (DHS) argumentou que os migrantes venezuelanos que chegaram a Guantánamo tinham vínculos com a gangue Tren de Aragua, uma organização criminosa originada em uma prisão na Venezuela.
Em uma declaração oficial, o governo venezuelano manifestou que solicitou a repatriação de seus cidadãos que foram “injustamente levados” para a base naval. O presidente Nicolás Maduro enfatizou que aqueles que retornaram não são criminosos, afirmando que “não são pessoas más”, mas sim indivíduos que emigraram devido às sanções implementadas pelos EUA. Ele declarou: “na Venezuela, nós os recebemos como uma força produtiva, com um abraço amoroso.”
Autoridades de Trump já haviam afirmado que a Baía de Guantánamo é reservada para os “pior dos piores”; no entanto, novas informações judiciais revelam uma realidade diversa. Recentemente, autos judiciais indicaram que dos detidos nessa instalação, apenas 127 pessoas foram consideradas como uma “alta ameaça”, mantidas na prisão de segurança máxima, enquanto 51 eram percebidas como de baixa a média ameaça, encontrando-se em um centro de operações para migrantes, todos oriundos da Venezuela.
Na quarta-feira (19), um grupo de venezuelanos, que estavam sob proteção contra deportações devido ao auxílio humanitário, moveu uma ação judicial contra o governo Trump, desafiando a revogação dessas proteções.
No início de fevereiro, o DHS anunciou o fim do que é conhecido como Status de Proteção Temporária (TPS), em uma série de medidas que buscam retirar as proteções temporárias de certos grupos de migrantes. A Secretária de Segurança Interna Kristi Noem optou por não estender essas proteções, revertendo uma decisão anterior do DHS sob a administração de Biden. Isso deixou cerca de 600 mil pessoas em uma situação vulnerável. Aproximadamente 350 mil venezuelanos estão com suas proteções programadas para expirar em abril, o que os torna suscetíveis à deportação. Outros 250 mil enfrentarão uma situação similar em setembro.