Em uma audiência que expôs revelações impactantes, o tenente-coronel Mauro Cid afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro exerceu pressão sobre o então ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, para que elaborasse um relatório indicativo de fraude nas urnas durante as eleições de 2022.
Ainda em sua delação, Cid declarou que, apesar dos técnicos das Forças Armadas não terem identificado qualquer irregularidade no sistema eletrônico de votação, Bolsonaro insistia em uma narrativa contrária.
— A conclusão dele (do general Paulo Sérgio) ia ser que não houve fraude. Aí o presidente estava pressionando que ele escrevesse isso de outra forma. Na verdade, o presidente queria que ele descrevesse que houve fraude. Assim, foi feito um esforço e uma discussão, mas a conclusão final foi que não se puderam comprovar as alegações de fraude porque tal auditoria não era possível — detalhou Cid durante a audiência com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Em um questionamento posterior, Moraes indagou se o ex-ministro foi 'proibido' por Bolsonaro de divulgar um laudo que confirmasse a ausência de irregularidades. Cid confirmou essas afirmações:
— Sim, senhor. Estou recordando agora. O que ocorreu foi exatamente isso.
No dia 9 de novembro de 2022, o Ministério da Defesa enviou um relatório de fiscalização das urnas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Havia uma expectativa considerável de que o documento apontasse alguma irregularidade na contagem dos votos, expectativa essa que não foi confirmada. O relatório concluiu que não havia falhas, embora não tenha excluído a possibilidade de fraudes ou inconsistências nas votações.
O tenente-coronel também forneceu mais informações sobre a pressão do PL para anular os votos de metade das urnas nas eleições de 2022. Ele mencionou que, embora o presidente do partido, Valdemar Costa Neto, estivesse agindo com cautela, Bolsonaro insistia para que o relatório fosse elaborado rapidamente.
— Havia uma pressão do presidente para que tudo fosse feito logo, "faça logo, faça logo". A pressão existia para acelerar a entrega do relatório, mas não no sentido de falsificá-lo ou mentir. Eu nunca vi isso, mas sim um pedido para acelerar o relatório — revelou Cid.
Além disso, o delator esclareceu que o documento do PL se baseava apenas em "estatísticas". Em virtude de suas ações, o partido foi multado em R$ 22,9 milhões por Moraes, sob a acusação de litigância de má fé.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Bolsonaro, afirmando que suas tentativas de contestar o resultado das eleições de 2022 configuravam uma estratégia para manter os acampamentos golpistas mobilizados em frente aos quartéis, alimentando a "chama acesa" da possibilidade de um impedimento da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Os vídeos dos depoimentos de Cid, que foram gravados, tiveram seu sigilo removido por Moraes, permitindo o acesso público às informações.
Essas revelações conduzem a um cenário complexo envolvendo o ex-presidente e as instituições democráticas do Brasil, suscitando questionamentos sobre a integridade do processo eleitoral e as manobras políticas que o circundam.
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