Denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em uma investigação que aponta um plano golpista no Brasil, o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) declarou nesta quinta-feira (20) que não se preocupa com a possibilidade de ser preso. Durante o Seminário Nacional de Comunicação do Partido Liberal, ele disse: “O tempo todo isso de vamos prender Bolsonaro. Eu caguei para prisão.”
A declaração de Bolsonaro ocorre apenas dois dias após a PGR ter denunciado 34 indivíduos, incluindo o ex-presidente, no âmbito de um suposto esquema golpista. No evento do partido, Bolsonaro se defendeu das acusações, afirmando: “Estou com a consciência tranquila, não tem nada contra a gente além das narrativas. Agora investiram nessa última de golpe. Geralmente quem dá golpe é quem ganha. Agora o duro é quando você é golpeado e te acusam de dar golpe. Eu estou tranquilo.”
Na denúncia assinada pelo procurador Augusto de Arruda, Bolsonaro é acusado de vários crimes, como organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, e dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, causando consideráveis prejuízos. Além disso, foi imputada a ele a deterioração de patrimônio tombado.
O ex-presidente também reiterou que sua “prioridade” atualmente é a aprovação de um projeto de lei que visa anistiar aqueles que participaram dos atos criminosos ocorridos em 8 de janeiro de 2023. Ele fez uma crítica às acusações da PGR relacionadas aos ataques aos três poderes, dizendo: “Eu estava lá [nos Estados Unidos] com o Pato Donald e o Mickey e tentei dar o golpe de 8 de janeiro aqui?”
Na terça-feira, Bolsonaro se encontrou com parlamentares da oposição para solicitar apoio na aprovação do projeto de anistia, que no momento está em uma comissão especial que ainda não foi constituída. Essa proposta, de autoria do deputado federal Major Victor Hugo (PL-GO), prevê a anistia para todos que participaram de atividades motivadas por razões políticas ou eleitorais, assim como aqueles que prestaram apoio a esses atos por meio de doações, serviços ou publicações em mídias sociais entre 8 de janeiro de 2023 e a implementação da futura lei.
Para que a proposta se torne lei, ela precisaria ser sancionada pelo atual presidente Lula, uma possibilidade considerada remota por seus aliados. Ademais, o Supremo Tribunal Federal (STF) já indicou que considera a proposta inconstitucional. Durante as discussões com líderes partidários, Bolsonaro tem argumentado que o objetivo é proporcionar anistia àqueles que enfrentaram penas severas.