A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e atual deputado federal, Alexandre Ramagem (PL-RJ), por redigir orientações direcionadas ao então presidente Jair Bolsonaro, contendo ataques à credibilidade das urnas eletrônicas e críticas a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
O procurador-geral da República, Paulo Gonet, ressaltou em sua peça que um documento foi encontrado no e-mail de Ramagem, onde ele expunha suas convicções em relação a esse tema. O conteúdo, descoberto pela Polícia Federal, revela declarações comprometedoras atribuídas a ele.
Entre as mensagens, destacam-se afirmações como: "Por tudo que tenho pesquisado, mantenho total certeza de que houve fraude nas eleições de 2018, com vitória do sr. (presidente Bolsonaro) no primeiro turno. Todavia, ocorrida na alteração de votos".
Outra parte do documento expressa que “a credibilidade da urna já se esvaiu, assim como a reputação de ministros do STF”. Ramagem ainda menciona uma orientação clara: “(...) Claramente, os três ministros do STF estão contra: a segurança do pleito eleitoral; - a evolução das urnas eletrônicas; - o estabelecimento de integridade e transparência nos resultados das urnas. Estes os pontos que acredito devem ser permanentemente difundidos”.
O procurador Gonet enfatiza que “a redação do documento, feita em primeira pessoa, não deixa dúvida de que ali se encontravam as orientações pessoais de Alexandre Ramagem ao então Presidente da República Jair Messias Bolsonaro”.
Quando confrontado sobre o conteúdo durante seu depoimento à Polícia Federal, Ramagem admitiu que frequentemente redigia textos "para comunicação de fatos de possível interesse" de Bolsonaro. No entanto, ele não conseguiu se recordar se essas mensagens foram efetivamente entregues ao presidente.
Esses ataques e questionamentos à legitimidade do sistema eleitoral e do STF ressaltam um cenário delicado e polêmico na política brasileira, especialmente em um contexto onde a confiança nas instituições é fundamental para a manutenção da democracia.
Essa situação reforça a necessidade de debates abertos sobre a segurança das eleições e a importância da transparência no processo eleitoral. A crescente desinformação em relação à integridade das urnas e das decisões judiciais pode ter implicações graves para o futuro da política no Brasil.
É crucial que os cidadãos se mantenham informados e participem ativamente do diálogo sobre temas essenciais como a integridade eleitoral e o papel das instituições. Somente com a participação ativa da sociedade será possível fortalecer a democracia e assegurar que todos possam confiar nos resultados do processo eleitoral.