O tenente-coronel e ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, Mauro Cid, apresentou queixas em seu depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF). Ele afirmou que enquanto Bolsonaro 'ficou milionário', sua própria vida e carreira estavam em colapso. A declaração foi tornada pública na quarta-feira, 19, após o ministro Alexandre de Moraes decidir levantar o sigilo das delações de Cid. Isso ocorreu após a Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentar denúncias contra Bolsonaro e mais 33 pessoas, acusadas de tentar dar um golpe e outros crimes.
No depoimento, Cid, realizado em 22 de março de 2024, foi motivado por uma matéria da revista Veja, que trazia informações sobre suas declarações e criticava os ataques ao ministro Moraes e à Polícia Federal. Questionado sobre suas observações sobre o juiz e a força policial, Cid indicou que suas palavras eram resultado de um desabafo e que não pretendia que fossem divulgadas. Ele explicou que a expressão 'todos se deram bem, ficaram milionários' se referia especificamente a Bolsonaro, que 'ganhou Pix', enquanto a situação dele era de perda total.
Cid relatou sua desilusão e isolamento social. Ele mencionou que estava 'enclausurado' e se sentindo tratado como um 'leproso' por amigos, temendo que se associassem a ele. Em um trecho do depoimento, destacou: 'a carreira está desabando. Não é político, não é militar, quer ter a vida de volta'. Essas tensões emocionais foram acompanhadas por mudanças em seu peso, indicando um estado psicológico deteriorado.
As transferências bancárias recebidas por Bolsonaro através do sistema Pix entre janeiro e julho de 2023 totalizaram R$ 17,1 milhões. Este montante levantou especulações sobre uma 'vaquinha' feita por apoiadores para cobrir multas processuais, à qual Cid se referiu. Embora Cid tenha negado ter sofrido pressão para fazer delações, ele expressou que os policiais estavam tentando coagi-lo a falar sobre fatos que ele não reconheceu como verdadeiros.
Ainda no depoimento, o ex-ajudante questionou o que ocorreria com algumas pessoas envolvidas na depredação dos prédios dos Três Poderes em 8 de janeiro, referindo-se a penas severas que seriam impostas. Contudo, Cid não especificou quem seriam esses 'mais altos' alvos de possíveis condenações. Ele se disse preocupado com as consequências enfrentadas por outros, revelando sua inquietação sobre a situação política do país e o impacto dessas ações de vandalismo.