A presença de jogos shovelware tem crescido de forma alarmante nas lojas digitais, levantando diversas questões sobre suas propostas e como conseguem abranger plataformas renomadas, como Steam, PS Store, Nintendo eShop e Loja Xbox.
Em termos simples, os jogos shovelware são facilmente identificáveis por sua baixa qualidade e por serem desenvolvidos com orçamentos extremamente reduzidos. Você já viu uma infinidade de títulos onde o jogador interage com garotas em estilo animê ou simuladores que têm gameplay quase inexistente? Esses são exemplos típicos do que denominamos shovelware.
O termo shovelware é uma combinação das palavras “shovel” (pá) e “software”, refletindo a prática dos estúdios que pegam temas de sucesso e simplesmente adicionam elementos de forma superficial, como se estivessem jogando terra com uma pá. Essa abordagem resulta na falta de um conteúdo cuidadoso ou inovador.
Com frequência, esses jogos utilizam artes e elementos gerados por inteligência artificial e, em muitos casos, reproduzem personagens ou nomes que lembram grandes lançamentos, intentando atrair a atenção de jogadores desatentos.
Esses títulos costumam ser finalizados em menos de uma hora, garantindo ao jogador uma quantidade excessiva de troféus ou conquistas que se somam ao seu perfil. Esse sistema é especialmente atrativo em plataformas como PSN e Xbox Live, que possuem rankings de pontuação, possibilitando uma competição saudável entre amigos. Contudo, a facilidade de obter conquistas por meio dos jogos shovelware pode desvirtuar essa disputa.
Embora o conceito de shovelware não seja recente, a prática já existe desde os anos 1990. Em 1993, a revista Computer Gaming World descreveu jogos shovelware como compilados de títulos de baixa qualidade, produzidos por estúdios como The Software Toolworks e Access Software. A publicação destacou: “Eles são na maior parte medíocres, mesmo os melhores”.
No ano seguinte, a mesma revista definiu esses jogos como “programas velhos e/ou fracos escavados e colocados em um CD para ganhar dinheiro rápido”, um contexto que ajudou a moldar a noção do que eram jogos shovelware, especialmente considerando a capacidade dos CD-ROMs da época, que armazenavam de 450 a 700 vezes mais dados do que disquetes, e de 6 a 16 vezes mais do que os HDs dos computadores dos anos 90. Os produtores aproveitavam a capacidade excessiva dos CDs para compilar o máximo de conteúdo, priorizando a quantidade sem se preocupar com a qualidade.
No cenário atual, essa prática se intensificou, com jogos shovelware ocupando um espaço significativo nas lojas digitais, como Steam, Epic Games Store, PS Store, Nintendo eShop e Loja Xbox. Algumas plataformas tentam combater esse avanço, como a Valve e a Sony, mas os desafios são enormes para erradicar essa prática.
As principais características dos jogos shovelware incluem a falta de qualidade, com produções rápidas e a custos baixos, resultando em experiências curtas e sem profundidade, tanto em gameplay quanto em narrativa. Estúdios reconhecidos levam anos para desenvolver títulos de qualidade, enquanto jogos shovelware podem ser lançados em poucos meses, sinalizando a necessidade de atenção.
A ausência de originalidade e inovação é outro traço marcante de jogos shovelware. Se você notar que o nome de um game se assemelha a uma franquia popular ou que a arte lembra um personagem conhecido, é provável que esteja diante de um título desse tipo.
Vale a pena destacar que existe uma diferença significativa entre jogos ruins e títulos shovelware: nem todo jogo ruim é shovelware, mas todo shovelware fallará em oferecer uma boa experiência.
Várias razões levam estúdios a apostar nesse tipo de produção. A principal delas é o objetivo de minimizar custos e garantir lucros rápidos, permitindo uma movimentação financeira decisiva em suas operações. A ideia é lançar a maior quantidade possível de jogos shovelware, mesmo que o retorno seja reduzido para cada título individualmente.
Enquanto algumas empresas prosperam com jogos shovelware, muitos jogadores saem desapontados ao se depararem com essas armadilhas no mercado. Não é raro ver consumidores frustrados após adquirirem títulos que não atendem nem mesmo ao mínimo de expectativas.
Esse cenário resulta em uma dificuldade crescente para os jogadores identificarem quais títulos oferecem qualidade e quais são meras produções destinadas a um lucro fácil. Ao acessar a seção de novidades ou promoções em lojas digitais, é comum se deparar com uma quantidade excessiva de jogos desse tipo.
Os jogos shovelware dominam as páginas de “novidades” das plataformas digitais, criando dificuldades para estúdios que buscam destacar suas obras sérias em meio a um mar de produções de qualidade duvidosa. A indústria tem se mobilizado contra essa proliferação, especialmente em plataformas como Steam, PSN e Nintendo eShop. Esta última, em particular, é um ambiente fértil para esse tipo de jogo, aproveitando a falta de curadoria da própria Nintendo para inundar suas prateleiras.
Estúdios respeitáveis e o público em geral têm clamado por uma certificação mais rigorosa para o registro de jogos nessas plataformas, com o intuito de limitar a presença de jogos shovelware em suas lojas.