A manhã deste sábado (15) foi marcada por profunda tristeza e revolta em Belo Horizonte, onde familiares e amigos prestaram sua última homenagem a Vitor Felisberto Medrado, um ciclista de 46 anos assassinado em um assalto em São Paulo. O sepultamento aconteceu no Cemitério da Paz, localizado na Região Noroeste da capital mineira, e foi um momento de reflexão sobre a crescente violência no país.
Vitor foi morto na última quinta-feira (13) no Itaim Bibi, um bairro da Zona Sul de São Paulo, durante um roubo. Segundo relatos, ele estava em sua bicicleta, mexendo no celular, quando foi abordado por dois assaltantes em uma motocicleta. O criminoso que estava na garupa disparou contra Vitor sem qualquer provocação. Após o ataque, um dos ladrões pegou o celular da vítima e fugiu com o comparsa.
A cerimônia de sepultamento foi acompanhada por colegas ciclistas, que se vestiram com roupas apropriadas para a prática do esporte como forma de homenagem. Todos demonstraram carinho e admiração por Vitor, enquanto sentimentos de revolta contra a violência gratuita invadiram o espaço.
Josy Lima, irmã de Vitor, expressou a dor da família e a sensação de insegurança recorrente no Brasil. Em suas palavras, ela destacou: "A família está abalada, porque a gente não espera. Ele sai de casa, mas não retorna. Isso não é natural. Tudo isso por causa de um celular. Não existe tranquilidade no Brasil, infelizmente. Não existe Justiça no Brasil".
Amigos e familiares lembram de Vitor como alguém que tinha um "sorriso fácil" e era descrito como "generoso" e de "espírito tranquilo". Ele deixa uma esposa e uma filha, que também lamentaram sua perda profundamente.
Jaquelini Pereira dos Santos, esposa de Vitor, compartilhou sua dor de forma pungente durante a cerimônia. Ela descreveu a perda do marido como "um buraco" que se abre em sua vida: "Não é só uma perda, é um buraco. A gente chora pelos momentos que a gente perdeu de viver com ele. Dói a perda, mas dói pensar que eu não vou ter o Vitor para viver a partir de agora". Jaquelini destacou a expectativa do casal para eventos futuros, como uma competição que havia sido planejada para outubro, e lamentou que Vitor não estará presente para ver o sobrinho-neto que está por vir.
O sepultamento foi repleto de homenagens, e a urgência por justiça foi uma constante entre os presentes. Jaquelini falou sobre a sensação de insegurança que permeia a sociedade: "É uma sensação de não poder sair de casa porque qualquer um está sendo escolhido para morrer. Poderia ser qualquer pessoa ali. É muita roleta-russa você sair de casa e poder acontecer qualquer coisa". Ela fez um apelo claro: "O Brasil precisa dessa justiça. Ninguém merece essa sensação de insegurança".
Nascido em Belo Horizonte, Vitor morava em São Paulo e era um ciclista experiente. Com passagem por Ribeirão Preto e Sertãozinho, ele foi membro da Associação Sertanezina de Ciclismo, participando ativamente de competições na região. Conhecido entre amigos como "Vitão" ou "Mineirinho", Vitor se destacou também como atleta de pista e professor em um projeto social que ensinava ciclismo para jovens, mostrando seu compromisso com a formação e a inclusão social.
A tragédia ocorreu em frente ao Parque do Povo, onde Vitor estava parado em sua bicicleta, utilizando o celular. Logo após as 6h da manhã, dois ladrões se aproximaram e sem qualquer reação de Medrado, um dos criminosos disparou contra ele. O ciclista foi rapidamente socorrido e levado ao Hospital das Clínicas, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu.
A Polícia Civil está investigando o caso e acredita que o autor do disparo foi o mesmo que mais tarde tentou assaltar um motociclista no bairro Brooklin, também disparando contra a vítima nesse incidente.