A Polícia Civil de São Paulo está em operação nesta quinta-feira, 13, realizando buscas em 20 endereços, com mais de 100 policiais envolvidos na ação. O foco da operação é a captura de suspeitos relacionados ao assassinato de Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, um delator do Primeiro Comando da Capital (PCC), executado em 8 de novembro de 2024, nas imediações do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.
Esta ação é um desdobramento das investigações sobre o assassinato de Gritzbach. Recentemente, um delegado mencionado nas apurações foi alvo de busca, pois teria recebido pagamentos ilícitos provenientes de uma corrupção policial em favor da facção criminosa.
Informações obtidas pelo jornal Estadão revelam que o assassinato de Gritzbach teria sido encomendado por policiais militares que atuaram sob a liderança de Ademir Pereira de Andrade e Emílio Carlos Castilho, conhecido como Cigarreiro, ambos envolvidos no tráfico de drogas. Segundo os dados investigativos, a facção PCC ofereceu a quantia de R$ 3 milhões para que o delator fosse morto.
Desde o início de janeiro, a Corregedoria da Polícia Militar do Estado de São Paulo prendeu 17 policiais militares sob suspeita de envolvimento no crime. Dentre estes, três estão diretamente acusados do assassinato de Gritzbach, enquanto os outros 14 teriam exercido a função de escolta do empresário. As investigações indicam que os policiais estão ligados ao crime organizado, o que levanta sérias preocupações sobre a integridade das forças de segurança.
Antônio Vinícius Lopes Gritzbach era central como delator em uma das maiores investigações sobre lavagem de dinheiro do PCC na cidade de São Paulo, focando particularmente nos negócios da facção na região do Tatuapé, na zona leste da capital. O delator tinha um histórico que o conectava ao tráfico internacional de drogas, e sua delação premiada, feita em abril do ano passado, levou a facção a colocá-lo sob uma sentença de morte, oferecendo um prêmio de R$ 3 milhões por sua cabeça.
A trajetória de Gritzbach remonta a sua atuação como corretor de imóveis na construtora Porte Engenharia, onde conheceu Anselmo Bechelli Santa Fausta, o Cara Preta, que era um traficante notoriedade. Em 2018, Gritzbach foi demitido pela construtora.
Uma acusação anterior, relacionada ao suposto envio de um mandatário bancário ao assassinato de Cara Preta em 2021, em parte, desencadeou a primeira sentença de morte contra ele, emitida pela facção. As investigações policiais afirmam que Antônio Vinícius Gritzbach teria causado um dano de R$ 100 milhões em criptomoedas para Cara Preta, levando a um desentendimento que culminou em um pedido de retaliação por parte do traficante. Para executar o crime, o empresário contratou Noé Alves Schaum, e o ato violento ocorreu em 27 de dezembro de 2021. Além de Cara Preta, o crime resultou também na morte de Antonio Corona Neto, conhecido como Sem Sangue, que era o segurança do traficante.
De acordo com as investigações, Schaum foi capturado pelo PCC em janeiro de 2022 e passou por um julgamento no tribunal de crimes, sendo posteriormente esquartejado por um criminoso famoso como Klaus Barbie, que é uma referência ao infame oficial nazista que ganhou notoriedade durante a Segunda Guerra Mundial, conhecido por suas crueldades.
A continuidade dessa operação policial reflete a complexidade e a seriedade dos desdobramentos do crime organizado em São Paulo, ressaltando a importância de uma resposta eficaz e profunda das autoridades.