Luciano Bravo, CEO da Inteligência Comercial e especialista em crédito internacional, destaca que a continuidade da ausência de novas ofertas públicas iniciais de ações (IPOs) na B3 resulta em um impacto negativo no acesso ao crédito privado e na diversificação dos investimentos.
Para o ano de 2025, a previsão é de que essa tendência se mantenha, refletindo a falta de IPOs na bolsa brasileira, conforme indica a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). A última oferta desse tipo ocorreu em 2021, segundo informações do site InfoMoney.
Zonas de incerteza como juros elevados, tanto globais quanto locais, e o custo de oportunidade de investir em ações são fatores que desestimulam as empresas a realizar IPOs, segundo a Anbima. Além disso, Bravo revela outros elementos que contribuem para essa situação.
Ele menciona a alta volatilidade do mercado financeiro nacional e a burocracia excessiva, somadas a incertezas políticas, que, juntas, criam um ambiente de risco elevado. Investidores tendem a priorizar mercados mais estáveis, como os Estados Unidos e algumas regiões asiáticas. "O Brasil, por possuir apenas uma bolsa de valores, e com a educação financeira em investimentos em ações ainda em desenvolvimento, resulta em poucas oportunidades para novas empresas abrirem o capital", observa Bravo. Ele acredita que a escassez de IPOs é reflexo de uma competitividade reduzida no mercado.
Bravo ressalta que os IPOs são fundamentais para o financiamento de setores inovadores, como tecnologia de ponta, energia renovável e saúde. A limitação no número de empresas que optam por abrir o capital culmina em uma diminuição no acesso ao crédito privado e em uma menor diversificação nos investimentos disponíveis. Muitas dessas empresas acabam dependendo de financiamentos bancários, que são mais oneroso e menos acessíveis, o que redunda em uma competitividade comprometida no cenário global.
"A abertura da competitividade, a diminuição da taxação sobre capital de fundos, a educação financeira para fomentar a cultura de investimento e a redução de impostos sobre companhias que captam recursos na bolsa poderiam estimular a realização de IPOs", sugere o especialista. Luciano Bravo ainda adverte que ao não incentivar a abertura de capital e deixar de extrair essas oportunidades, o mercado brasileiro se vê restrito em termos de inovação e desenvolvimento empresarial.
É importante notar que a análise de Bravo também aponta dados relevantes sobre o desempenho das empresas que abriram capital recentemente. Segundo o índice TradeMap, entre as 85 companhias que efetivaram IPOs entre 2015 e 2022, apenas 21 tiveram um desempenho superior à média do Ibovespa. "Isso torna o cenário pouco atrativo para novas solicitações de IPOs", complementa Bravo. Para finalizar, ele recomenda que as empresas foquem na gestão e no planejamento estratégico, de modo a garantir que seus dividendos sejam robustos o suficiente para superar as expectativas dos investidores mais rigorosos. Ao utilizar uma abordagem proativa, o mercado pode transformar as dificuldades atuais em oportunidades significativas para o futuro.