O ex-policial penal Jorge Guaranho, réu na acusação do assassinato do tesoureiro do PT Marcelo Arruda, se manifestou durante seu depoimento no Tribunal do Júri, realizado nesta quarta-feira, 12, em Curitiba. Guaranho argumentou que suas ações foram em legítima defesa e expressou arrependimento, ressaltando que sua decisão de ir à festa foi uma "idiotice com certeza".
Conforme reportado pelo jornal Folha de S. Paulo, Guaranho optou por não responder a indagações feitas pelo Ministério Público, mas respondeu perguntas formuladas por seus advogados de defesa. Os defensores procuraram enfatizar os disparos e as agressões que Guaranho alegou ter sofrido no local, além das consequências físicas, como as balas que ficaram alojadas em seu corpo. A defesa também mencionou um laudo que indicou que Guaranho sofreu amnésia após o trauma vivido naquela noite.
O crime ocorreu durante a comemoração do 50º aniversário de Arruda, que celebrava em uma festa marcada por símbolos do PT e imagens de Lula. Durante as festividades, Guaranho também foi ferido. Ele relatou que sua chegada ao evento foi feita ao som da campanha do então presidente Jair Bolsonaro e que ele proferiu gritos de "Bolsonaro mito". Nesse mesmo instante, ouviu Arruda dizer: "cadeia para Bolsonaro". "Foi uma discussão boba", afirma Guaranho em seu depoimento. O ex-policial disse ainda que Arruda lançou terra na janela de seu carro, onde estava seu filho, e isso o deixou "muito irritado". Posteriormente, Guaranho retornou ao local para buscar uma explicação.
Segundo seu relato, ao sair do carro, encontrou Arruda com uma arma apontada para ele. Guaranho afirmou: "não queria matar ninguém" e pediu para que o petista abaixasse a arma, mas Arruda não atendeu. O ex-policial é acusado pelo Ministério Público estadual de homicídio duplamente qualificado, imputado a motivos fúteis e a um risco comum. O julgamento, que durará mais de um dia, teve início ontem, com o depoimento de testemunhas da acusação. A fase de debate entre a acusação e defesa está programada para recomeçar nesta quinta-feira, 13, após o interrogatório do réu e das testemunhas de defesa.