O Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS) divulgou um estudo impactante indicando que os gastos militares mundiais cresceram 7,4% em 2024, atingindo um recorde de US$ 2,46 trilhões (equivalente a R$ 14,21 trilhões). Esse número impressionante é superior ao PIB do Brasil, que foi estimado pelo IBGE em US$ 1,8 trilhão em 2023.
Os dados do relatório Military Balance revelam que esse aumento nos investimentos em defesa é um reflexo da crescente instabilidade política e diplomática observada em várias partes do mundo nos últimos anos. Quase todas as regiões do globo registraram um aumento nos gastos militares no último ano, exceto a África subsaariana.
Segundo o diretor-geral do IISS, Bastian Giegerich, a guerra na Ucrânia continuou a ser o principal fator impulsionador desse crescimento. No entanto, os conflitos no Oriente Médio também contribuíram significativamente para essa realidade. Países como a Rússia e membros da OTAN aumentaram significativamente seus orçamentos militares, muitas vezes redirecionando recursos de áreas civis e sociais para o setor de defesa.
Na Europa, os investimentos em defesa cresceram 50% em termos nominais desde 2014, com destaque especial para as contribuições da Alemanha e da Polônia. Desde o início da guerra na Ucrânia, a Alemanha aumentou seus gastos militares em impressionantes 23,2%, estabelecendo-se como o país com o maior orçamento de defesa europeu dentro da OTAN. Por sua vez, a Polônia, preocupada com as ameaças russas, passou a ocupar a 15ª posição no ranking global de orçamentos militares.
Os gastos atuais da OTAN estão avaliados em US$ 1,44 trilhão, com menos de um terço desse total proveniente de países europeus. Muitos destes ainda não alcançaram o objetivo mínimo estipulado pela aliança, que é de investir 2% do PIB anualmente em defesa. O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alertou repetidamente que poderia suspender a ajuda militar aos países da OTAN que não atingissem esse padrão mínimo.
Adicionalmente, o estudo do IISS apontou que “as evidências sugerem que a Ucrânia sofreu um esgotamento mais sério de seu pessoal militar do que a Rússia, com muitas unidades terrestres apresentando força insuficiente”. Contudo, o instituto não apresentou números exatos sobre as perdas ucranianas, porque Kiev classifica essas informações como sigilosas. Em contrapartida, enfatizou que a Rússia só conseguirá manter seu esforço de guerra até 2026 devido a suas significativas próprias perdas, como os mais de 1.400 tanques perdidos em 2024. Por isso, o país deverá continuar buscando cada vez mais suporte do Irã e da Coreia do Norte.