O ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, divulgou preocupações sobre a economia do Brasil, descrevendo-a como um "paciente na UTI". Durante um seminário promovido pelo Instituto de Estudos de Política Econômica/Casa das Garças, realizado no Rio de Janeiro, Fraga destacou que a actual situação econômica é alarmante, com juros futuros crescendo significativamente.
Ele ressaltou que a única área que pode contribuir para a recuperação da economia é a política fiscal, fazendo um apelo ao atual presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, para que tente convencer o governo a agir nessa direção. Fraga enfatizou: "Você, como uma pessoa de confiança das altas autoridades do nosso país, talvez possa convencê-las de que não tem mágica no que ocorreu até agora. O desemprego está baixo, uma conquista, mas a situação está se deteriorando”.
Fraga, que liderou o Banco Central de 1999 a 2002 durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, expressou uma meta de preocupação em relação à dívida pública, que supera 75% do Produto Interno Bruto (PIB) e segue em trajetória crescente, combinada com a expectativa de desaceleração da atividade econômica.
Ele declarou: "O Banco Central não faz milagre, sei que é difícil comentar, mas mudanças são necessárias". Para Fraga, a economia brasileira está em uma situação crítica, e é preciso considerar mudanças significativas nas diretrizes macroeconômicas, embora não pareça ser uma prioridade na agenda atual.
Em resposta às declarações de Fraga, Galípolo reconheceu o desafio contínuo de equilibrar a comunicação da política monetária sem ultrapassar limites. Ele comentou sobre seu esforço para abordar os movimentos de mercado e comunicar as realidades econômicas de forma clara. "Faz parte do desafio não cruzar uma linha e não transcender o que é o quadrado da autoridade monetária", afirmou Galípolo.
O atual presidente do Banco Central acredita que as medidas de política monetária serão eficazes na contenção da inflação. Ele destacou que a expectativa do mercado é de que ocorra uma desaceleração da atividade econômica, mas enfatizou que o foco do mercado atualmente se volta para como o governo irá reagir diante dessa desaceleração iminente.
"Não é simples de abordar enquanto autoridade monetária. Uma coisa é ser preventivo com algo que já está presente, outra coisa é lutar contra questões que podem ou não manifestar-se", concluiu Galípolo. Em uma afirmação anterior, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia comentado que a economia do Brasil deve crescer neste ano, argumentando que isso se deve ao aumento da circulação de dinheiro entre a população, o que impulsionaria o crescimento econômico.