O comandante do Exército, general Tomás Paiva, fez uma visita ao general Walter Braga Netto, que está há quase dois meses sob custódia por suspeita de envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. A visita ocorreu na sexta-feira, 7 de fevereiro, durante sua presença no Rio de Janeiro para uma atividade na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman).
Durante o encontro, que durou cerca de 15 minutos, o general Paiva questionou se Braga Netto estava recebendo tratamento adequado, assistência familiar e acesso a advogados. É importante ressaltar que, apesar de estar em situação de prisão, Braga Netto ocupa um quarto equipado com armário, frigobar, televisão, ar-condicionado e banheiro privativo, dentro do Comando da 1ª Divisão de Exército.
O Estatuto dos Militares estabelece que os oficiais só podem ser detidos em unidades militares onde o comandante tem precedência hierárquica, o que significa que Braga Netto, sendo um general de quatro estrelas, só pode ser mantido sob a supervisão de outro militar da mesma patente. Essa situação é peculiar, pois não existe uma estrutura disponível para receber um general nessa condição, obrigando o improvável arranjo na unidade militar.
Braga Netto se tornou o primeiro general de quatro estrelas a ser preso no Brasil. A prisão ocorreu em 14 de dezembro, em uma operação da Polícia Federal que investiga sua possível participação em um plano para um golpe de Estado. Segundo as primeiras investigações, o general estaria envolvido na articulação política que visava a execução desse golpe, com evidências apontando para a existência de documentos e planos associados a essa tentativa.
Relatos indicam que Braga Netto preparou um manuscrito que foi encontrado na mesa de um de seus assessores e que continha a frase: “Lula não sobe a rampa”. Além disso, a Polícia Federal alega que o general teria coordenado militares envolvidos em manobras golpistas e encorajado ações por meio de milícias digitais.
Recentemente, surgiram novas acusações de que Braga Netto estaria diretamente ligado ao financiamento desse plano, entregando uma quantia em dinheiro a um conhecido pelo apelido de “kid preto”. O general também é investigado por tentar acessar informações relacionadas à delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, que atuou como ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) defendeu a manutenção da prisão preventiva do general, considerando que essa medida é necessária para evitar qualquer interferência nas investigações em andamento. Por outro lado, a defesa de Braga Netto nega as alegações feitas contra ele, afirmando que não há fundamento nas acusações.
Essa situação continua gerando repercussões significativas no cenário político brasileiro, e observadores se questionam sobre as implicações que essa prisão terá tanto para a carreira do ex-ministro da Defesa quanto para a percepção pública das Forças Armadas no Brasil.
O desdobramento desse caso irá repercutir em diversos setores e a sociedade civil aguarda ansiosamente os resultados das investigações e as próximas ações da justiça.