A União Europeia (UE) anunciou que adotará "contramedidas firmes e proporcionais" em resposta à decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impôs tarifas sobre todas as importações de aço e alumínio. Essa ação gera preocupações sobre uma possível guerra comercial entre as potências. Trump assinou decretos elevados as taxas sobre o alumínio, passando de 10% para 25%, e revogando exceções anteriormente concedidas a alguns países, além de suspender isenções tarifárias específicas que beneficiavam produtos de diversos países, incluindo Brasil, Canadá, México e Coreia do Sul.
As novas tarifas entrarão em vigor a partir de 4 de março, conforme confirmou um porta-voz da Casa Branca. “São 25% sem exceções ou isenções. Isso vale para todos os países”, afirmou Trump durante uma coletiva de imprensa. Ele também anunciou que, em breve, revelará tarifas recíprocas a nações que impõem taxas sobre produtos norte-americanos, além de considerar tarifas sobre outros setores, como automóveis e produtos farmacêuticos. Quando questionado sobre as reações adversas de outros países, Trump declarou: “Não me importo”.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, expressou sua preocupação com a decisão dos EUA, destacando que as tarifas representam um imposto que prejudica empresas e consumidores. As exportações de aço da UE para os EUA giravam em torno de 3 bilhões de euros anualmente na última década. Ela ressaltou: “Tarifas injustificadas sobre a UE não ficarão sem resposta - elas desencadearão contramedidas firmes e proporcionais. A UE agirá para proteger seus interesses.” Contudo, von der Leyen não divulgou detalhes sobre quais medidas específicas poderiam ser adotadas.
Uma possibilidade considerada seria reativar tarifas que a UE havia imposto em 2018, mas que foram suspensas durante uma trégua comercial negociada entre a União Europeia e o governo americano. Atualmente, as tarifas da UE sobre produtos norte-americanos, como bourbon, motocicletas e suco de laranja, permanecem suspensas até o final de março. Maros Sefcovic, chefe de comércio da UE, caracterizou a atitude dos EUA como um “cenário de perdas e perdas” em seu discurso no Parlamento Europeu.
A recente escalada comercial provocou um aumento no preço do ouro, que atingiu recordes no mercado asiático, com a demanda por ativos considerados seguros. O preço do metal precioso chegou a US$ 2.942,70, estabilizando-se então em US$ 2.909,49, uma alta de 0,1%.
O Canadá, um dos principais fornecedores de aço e alumínio para os EUA, com recursos abundantes para a produção, também irá responder às tarifas de Trump. O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, classificou as novas tarifas como “inaceitáveis”. Em declarações durante uma cúpula de inteligência artificial em Paris, Trudeau anunciou que seu país destacará as consequências negativas das tarifas. “Se for necessário, os canadenses se posicionarão com firmeza e determinação”, afirmou.
O presidente Trump também implementará novos regulamentos que exigem que as importações de aço sejam “derretidas e moldadas” e que o alumínio seja “fundido e moldado” dentro da América do Norte, como forma de restringir as importações de metais minimamente processados provenientes de países como China e Rússia. Embora a China não exporte grandes volumes de aço para os EUA, é um dos responsáveis pela capacidade siderúrgica excedente no mundo, o que pressionou outros países a aumentar suas exportações.
As ações de siderúrgicas chinesas enfrentaram uma forte queda após as novas medidas comerciais, enquanto as empresas siderúrgicas e de alumínio dos EUA tiveram um aumento nas suas cotações antes da divulgação dos decretos.