Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, inicia hoje dois dias de audiências no Capitólio, trazendo consigo dados econômicos positivos mas também um panorama de incertezas. A economia está próxima do pleno emprego, com uma expectativa de queda da inflação, mesmo em meio a um ambiente político impactado pela administração Trump e suas políticas comerciais. Desde sua última aparição no Congresso, a vitória de Donald Trump trouxe muitas questões à tona, como o aumento potencial de tarifas e a redução da imigração, o que poderia afetar os trabalhadores disponíveis no mercado e a supervisão do setor financeiro.
Em coletiva de imprensa após uma reunião do Fed em janeiro, Powell afirmou: "O que temos agora é um mercado de trabalho bom. A economia está crescendo a uma taxa de 2% a 2,5%. A inflação diminuiu". Entretanto, ele também alertou sobre a elevada incerteza que permeia o ambiente econômico, dada a possibilidade de mudanças nas políticas comerciais, fiscais e regulatórias. As equipes do Fed estão preparadas para atrasar novos cortes na taxa de juros até que a adaptação da economia se torne mais clara nos meses seguintes. "Não precisamos ter pressa para ajustar nossa postura de política monetária", reforçou Powell.
Durante este ciclo de audiências, Powell terá a oportunidade de se dirigir ao Comitê Bancário do Senado nesta terça-feira e ao Comitê de Serviços Financeiros da Câmara na quarta. Ambos os comitês, agora liderados por republicanos com novos presidentes, devem apresentar perguntas desafiadoras, uma vez que Powell, ao longo de seus quase sete anos à frente do Fed, buscou construir relações sólidas com os legisladores. Apesar da inflação ter diminuído, algumas pesquisas indicam que o público começa a mostrar ceticismo em relação à recuperação econômica, um desafio para o Federal Reserve se essa tendência persistir.
A discussão em torno da imposição de tarifas sobre parceiros comerciais como México e Canadá, especialmente em produtos essenciais como aço e alumínio, levaram a um debate sobre como esses impostos poderiam influenciar a inflação em larga escala. Embora o governo ainda não tenha apresentado um plano detalhado sobre impostos e desregulamentação, as futuras negociações em relação a esses assuntos são vistas como cruciais para o desempenho econômico.
No último encontro do Fed, a taxa de juros permaneceu entre 4,25% e 4,5%, após cortes significativos realizados nos três encontros anteriores, onde a taxa foi reduzida em um ponto percentual. Economistas do Deutsche Bank destacam que é esperado que Powell reforce, durante as audiências, a mensagem anterior do FOMC de que, diante de uma economia robusta e um mercado de trabalho forte, o Fed não está apressado para agir em sua política monetária.
Por fim, os anúncios recentes sobre tarifas elevadas apenas acentuam a necessidade de paciência dos formuladores de políticas, uma vez que os riscos de inflação alta estão crescendo. A forma como Powell abordará esses tópicos durante suas audiências poderá influenciar significativamente as expectativas do mercado e o rumo das políticas econômicas futuras.