A expectativa de que um cônjuge seja também o melhor amigo é um conceito relativamente recente nas relações amorosas. Para alguns, isso pode parecer um pedido excessivo.
Para entender esse fenômeno, é preciso observar as mudanças nas relações ao longo do tempo. Historicamente, o casamento era mais focado em necessidades práticas, como alimentação e abrigo, até que, por volta do século XIX, passou a ser visto como uma união baseada no amor e na companhia. Hoje, a perspectiva evoluiu para um modelo de "autoexpressão", onde se espera que o casamento ofereça não apenas amor, mas também crescimento pessoal e satisfação emocional.
Stephanie Lopez, uma residente de Big Island, descreve seu marido como um homem íntegro e amoroso, mas deixa claro que ele não é seu melhor amigo. "Não faço sexo com meus amigos" e "não pago contas com eles" são as razões que ela utiliza para justificar essa visão.
Contrapõe-se a ela Jennifer Santiago, que considera seu marido seu melhor amigo. O casal, que se conheceu na adolescência, enfrentou separações, mas sempre voltaram a se unir, reconhecendo a força da amizade que os liga. "Sempre havia um vazio quando nos afastávamos", reflete Santiago.
A psicóloga clínica Alexandra Solomon aponta que a busca por um parceiro que seja tanto amante quanto melhor amigo é comum. "Queremos alguém que nos enxergue e nos compreenda", afirma. Essa ideia de que o cônjuge deve desempenhar múltiplos papéis pode ser cada vez mais esperada nas relações modernas, mas também pode trazer desafios significativos.
Eli J. Finkel, psicólogo social e autor do livro "O casamento tudo ou nada", destaca que as expectativas atuais relacionadas ao casamento são diferentes das do passado. A partir da primeira metade do século XX, as relações românticas adquiriram novos significados. Assim, espera-se hoje que o parceiro satisfaça necessidades emocionais, sociais e psicológicas diversas, o que pode ser uma carga excessiva.
Finkel alerta que é vital gerenciar as expectativas dentro do relacionamento. Ele ressalta que, embora seja natural desejar um parceiro que desempenhe múltiplas funções, essa expectativa pode sobrecarregar o relacionamento e levar a frustrações. Por exemplo, que tal considerar se o seu cônjuge pode ser seu suporte emocional sem que isso signifique ser também seu companheiro sexual exclusivo?
A amizade íntima não é um requisito para a intimidade duradoura, mas Solomon argumenta que ter um parceiro que admiramos e com quem gostamos de estar perto pode suavizar os desafios que enfrentamos juntos. No entanto, ela mesma admite que não considera seu marido seu melhor amigo, afirmando: "O nome da minha melhor amiga é Ali, e ela ocupa esse lugar desde que tínhamos 10 anos".
Adam Fisher, especialista em psicologia de casais, afirma que o sucesso em manter um vínculo romântico forte depende basicamente da capacidade de os parceiros gerenciarem suas expectativas e se comunicarem abertamente sobre elas. Ele lembra que as relações precisam de um tipo de "cola", que pode incluir compromisso, valores compartilhados, intimidade sexual, entre outros. Isso nos leva a refletir sobre a natureza da amizade dentro dos relacionamentos: Embora seja enriquecedora, não deve ser vista como um requisito essencial.
Lopez conclui que é importante não pressionar os parceiros a serem tudo. "Acho que colocamos tantas expectativas e responsabilidades em nossos parceiros", afirma. É essencial lembrar que cada relacionamento é único e que a comunicação aberta e sincera é a chave para construir um relacionamento saudável e duradouro.
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