O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, tomou uma decisão polêmica ao assinar um decreto que visa interromper a assistência financeira à África do Sul, conforme anunciado pela Casa Branca em 7 de fevereiro de 2025.
Segundo informações oficiais, o governo americano planeja também desenvolver um programa para realocar agricultores sul-africanos e suas famílias, oferecendo-lhes status de refugiados. Trump, sem apresentar evidências concretas, alegou que "a África do Sul está confiscando terras". Ele também mencionou que "certas classes de pessoas" estão sendo tratadas de forma injusta.
Enquanto isso, o bilionário Elon Musk, de origem sul-africana e naturalizado americano, entrou no debate, afirmando que a comunidade branca da África do Sul tem sido alvo de "leis racistas de propriedade". O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, defendeu a polêmica política de desapropriação de terras, sancionada por ele no mês anterior. Ramaphosa enfatizou que o governo não está confiscando terras, mas sim buscando corrigir as desigualdades raciais históricas na propriedade de terras, afirmando que a África do Sul "não será intimidada".
A relação entre a África do Sul e Washington também está tensa devido a um caso apresentado pelo país africano ao Tribunal Internacional de Justiça, onde acusa Israel de genocídio em decorrência de sua ofensiva militar em Gaza, que resultou na morte de dezenas de milhares de pessoas e em uma grave crise humanitária. Israel, por sua vez, rejeita as alegações, argumentando que sua ação foi em legítima defesa após um ataque mortal do Hamas em outubro de 2023.
A Casa Branca citou o caso como um exemplo da África do Sul posicionando-se contra os interesses dos EUA e seus aliados. O decreto assinado por Trump aborda questões de direitos humanos relacionadas ao contexto sul-africano.
É importante notar que Trump já havia insinuado a possibilidade de cortar o financiamento à África do Sul logo ao assumir a presidência. A discussão sobre a propriedade da terra é um tema delicado na África do Sul, sendo profundamente influenciada pelo legado colonial e de apartheid, que despojou a população negra de suas terras e direitos. Atualmente, os brancos ainda possuem três quartos das terras agrícolas na região, enquanto os negros, que representam 80% da população, detêm apenas 4% das propriedades, de acordo com a última auditoria fundiária de 2017.
Esta mudança de política por parte de Trump poderá ter repercussões significativas nas relações entre os Estados Unidos e a África do Sul, além de intensificar as já complexas questões raciais e de direitos de propriedade que permeiam a história do país africano.