A senadora Eliziane Gama (PSD-MA), que atuou como relatora da CPMI sobre os eventos ocorridos em 8 de janeiro, utilizou suas redes sociais para contestar as palavras do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Motta vinha afirmando que as ações daquele dia não constituíram uma tentativa de golpe. Em resposta, Gama declarou: “Como relatora da CPMI posso atestar categoricamente: após 5 meses de investigação, de receber centenas de documentos e de ouvir dezenas de testemunhas, houve tentativa de golpe e o responsável por liderar esses ataques tem nome e sobrenome: Jair Messias Bolsonaro.”
Ela ainda acrescentou: “Segue o fio”, fazendo referência ao seu argumento na plataforma social X, alertando aqueles que duvidam dos resultados da investigação que leiam o relatório produzido pela comissão. O documento, que foi aprovado por deputados e senadores em 2023, contém 1.333 páginas e menciona o termo “golpe” 235 vezes. Na abertura do relatório, a CPMI descreve os eventos de 8 de janeiro como “uma tentativa propositada e premeditada de golpe de Estado”.
O líder do PT na Câmara, Lindberg Farias (RJ), reforçou a narrativa de Gama, afirmando que o episódio de 8 de janeiro representou a última tentativa do bolsonarismo de desestabilizar o governo: “Os comandantes não aceitaram, do Exército e da Aeronáutica, entrar naquela trama. Eles queriam que o Lula decretasse uma GLO”, disse Farias, referindo-se à possibilidade de uma Garantia da Lei e da Ordem na ocasião.
Assim como Farias, o deputado Rogério Correia (PT-MG) se manifestou, criticando Hugo Motta e sua visão sobre os acontecimentos: “Dizer que o bolsonarismo não tentou um golpe contra a democracia é de um negacionismo inaceitável. Para ganhar uma eleição pode-se fazer promessas, mas nunca atos que coloquem em risco a democracia. Só podemos discuti-la hoje porque o golpe de Jair Messias Bolsonaro fracassou perante ao poder das nossas Instituições. Esse discurso não combina com lideranças que emergiram na democracia e que só exercem seu poder graças ao povo. Ainda estamos aqui, vigilantes”, enfatizou.
Durante uma entrevista a uma rádio na Paraíba, Hugo Motta argumentou que “um golpe tem que ter um líder, tem que ter uma pessoa estimulando, apoio de outras instituições interessadas e não teve isso”. Segundo ele, o que ocorreu foram ações de “vândalos e baderneiros” que, insatisfeitos com os resultados eleitorais, buscaram expressar sua revolta, acreditando que isso poderia surtir efeito.
Por fim, Gama reiterou o convite para que aqueles que ainda nutrem dúvidas sobre os fatos revisem o relatório da CPMI. Ela enfatizou que a análise detalhada do documento deixa claro a intenção de golpe, respaldada por uma série de provas coletadas durante a investigação. O relatório, de fato, sugere o indiciamento de Jair Bolsonaro e de mais 60 indivíduos por crimes relacionados aos atos ocorridos em janeiro. Ademais, em uma atualização sobre o caso, a Polícia Federal indiciou 40 pessoas no final de 2024, incluindo o ex-presidente, em conexão com esses eventos.