Na última sexta-feira, dia 7, dezoito trabalhadores indígenas foram resgatados em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul, de condições análogas à escravidão. Dessas pessoas, doze eram homens e seis mulheres, com idades variando entre 17 e 67 anos. Alguns deles não sabiam ler nem escrever. O resgate ocorreu em um alojamento onde também estavam um bebê e uma criança de cinco anos, filhos de alguns trabalhadores.
Os indígenas resgatados pertencem à reserva Kaingang de Benjamin Constant do Sul (RS) e haviam sido contratados por uma empresa terceirizada para trabalhar na colheita de uvas na serra gaúcha. Este é o terceiro resgate desse tipo realizado durante a safra de uvas de 2025.
A operação foi conduzida por auditores-fiscais do Trabalho, com suporte da Secretaria de Assistência Social, da Guarda Municipal de Bento Gonçalves e da Polícia Rodoviária Federal (PRF). De acordo com o Ministério do Trabalho, os trabalhadores viviam em um galpão de madeira que abrigava canchas de bocha, pertencentes a uma associação. As condições do alojamento eram precárias: sem piso adequado, sem proteção nas paredes, e sem coberturas em boas condições. Não havia dormitórios nem camas; eles dormiam em colchões espalhados pelo chão, em áreas improvisadas, incluindo atrás do bar e nas canchas de bocha.
Os trabalhadores chegaram ao local no dia 7 de janeiro de 2025, atraídos pela promessa de trabalho imediato na colheita de uvas, carteira assinada e pagamento de diárias de R$ 150, além de alimentação e moradia. No entanto, mesmo após realizarem exames médicos admissionais, o registro formal nunca foi registrado. As diárias começaram a ser pagas apenas em 20 de janeiro, o que deixou os trabalhadores sem remuneração durante as primeiras semanas de trabalho. Relatos dos próprios trabalhadores indicam que o alojamento chegou a abrigar cerca de 40 pessoas.
O local, que era alugado irregularmente pela empresa responsável, foi interditado pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico no dia 6 de fevereiro. Além disso, a empresa foi notificada para saldar os valores devidos e garantir o retorno dos trabalhadores às suas cidades de origem. O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) também anunciou que emitirá o Seguro-Desemprego Especial aos trabalhadores resgatados, garantindo três parcelas de um salário-mínimo para cada um.