Um estudo recente do Bradesco aponta que as tarifas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, podem levar a uma redução significativa no Produto Interno Bruto (PIB) global e a um aumento da inflação nos próximos anos. Desde sua candidatura, Trump indicou uma postura protecionista e recentemente anunciou tarifas de 25% sobre produtos importados do Canadá e do México, além de uma tarifa de 10% sobre produtos chineses. As importações de energia do Canadá são a única exceção, com uma tarifa de apenas 10%.
A primeira reação dos mercados financeiros foi negativa, resultando na valorização do dólar e na queda das bolsas, embora parte desse movimento tenha sido revertida após o adiamento das medidas tarifárias. O estudo sugere que, se houver uma guerra comercial com tarifas universais de 25% entre todos os países, o PIB global poderá sofrer uma diminuição de 2,1 pontos percentuais e a inflação mundial poderá aumentar em 4,5 pontos percentuais ao longo de quatro anos.
A decisão de Trump representa uma mudança significativa na política comercial dos Estados Unidos. Durante sua campanha, ele já havia manifestado a intenção de implementar medidas protecionistas, mas muitos analistas esperavam que isso fosse parte de um jogo de pressão nas negociações comerciais, como ocorreu em seu primeiro mandato. De acordo com os economistas do Bradesco, a interdependência econômica entre os EUA, Canadá e México poderia resultar em prejuízos para os próprios americanos, uma vez que acordos comerciais vigentes limitam a imposição de tais tarifas.
As respostas dos países afetados foram rápidas. O Canadá já anunciou tarifas de 25% sobre US$ 155 bilhões em produtos dos Estados Unidos, representando 55% de suas importações desse país. O México também indicou que tomaria medidas retaliatórias, embora detalhes não tenham sido divulgados. Essa situação levou os governos a negociarem e, como consequência, a implementação das tarifas foi adiada em 30 dias.
A China, por sua vez, impôs tarifas adicionais variando de 10% a 15% sobre uma gama de produtos americanos, sem sinais de que os EUA recuariam em sua política tarifária.
Os analistas alertam para as consequências potencialmente graves da escalada do protecionismo na economia global. Um estudo que analisou dados de 203 países entre 1964 e 2023, levando em conta PIB, inflação, desemprego, saldo comercial e tarifas médias, concluiu que, inicialmente, pode haver um pequeno impulso econômico proveniente do protecionismo. No entanto, os custos a longo prazo superariam os benefícios, uma vez que a crescente interconexão do comércio global tem promovido expansão na produção e controle da inflação nas últimas décadas.
O Bradesco alerta que a imposição de tarifas de 25% pode resultar em uma queda acumulativa do PIB global de 2,1% em quatro anos. Considerando a tendência de crescimento atual, as projeções indicam um crescimento médio de apenas 0,9% ao ano, um dos piores desempenhos desde a pandemia e inferior à média de 3,2% da última década. Os impactos sociais também podem ser significativos, com uma elevação de 2,5 pontos percentuais na taxa de desemprego e uma inflação global 4,5 pontos percentuais mais alta ao final desse período.