Em um desdobramento significativo, o FBI atendeu à solicitação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, fornecendo uma lista contendo milhares de nomes de funcionários envolvidos nas investigações do ataque ao Capitólio, ocorrido em janeiro de 2021. A exigência, que causou grande alvoroço entre os agentes, visa identificar aqueles que trabalharam nos casos que envolvem o ex-presidente Donald Trump.
Segundo relatos de pessoas que acompanharam a situação, o procurador-geral adjunto em exercício, Emil Bove, enviou um memorando datado de sexta-feira, dia 31, no qual estipulava um prazo para que os funcionários do FBI enviem os nomes de agentes e analistas relacionados aos eventos de 6 de janeiro. Bove, por sua vez, já havia demitido anteriormente oito altos executivos do FBI, incluindo aqueles que supervisionavam investigações em áreas como cibersegurança, segurança nacional e crimes federais.
Mais de cinco mil nomes individuais foram reportados ao DOJ, enquanto que, no total, o FBI conta com aproximadamente 13 mil agentes e 38 mil funcionários. A pressão aumentou com a presença de funcionários enviados por Elon Musk, que lidera o recém-criado Departamento de Eficiência Governamental, sob a administração de Trump.
Contudo, a reação dos agentes foi imediata. Vários deles entraram com um processo contra o Departamento de Justiça, argumentando que a exigência de entregar as listas e completar uma pesquisa era uma violação da Constituição e das leis de privacidade. “O próprio ato de compilar listas de pessoas que trabalharam em assuntos que perturbaram Donald Trump é de natureza retaliatória, com o objetivo de intimidar agentes do FBI e outro pessoal, e desencorajá-los de denunciar qualquer prevaricação futura”, afirmaram os advogados dos funcionários.
Além de fornecer seus nomes, os agentes foram obrigados a responder uma série de perguntas sobre suas funções e envolvimento nas investigações do ataque ao Capitólio, incluindo detalhes sobre prisões realizadas e participação em grandes júris. O processo legal foi movido por vários funcionários anônimos sob a forma de uma ação coletiva, destacando o crescente temor de uma fogueira de vaidades dirigida por Trump e seus aliados.
Em conversas internas, grupos representativos de ex-agentes e da força de trabalho atual contataram congressistas republicanos, pedindo para que a Casa Branca mantivesse a promessa feita por Kash Patel — indicado por Trump para a direção do FBI — de que os agentes não sofreriam represálias por sua atuação nos casos atribuídos.
O memorando de Bove, que além das já mencionadas demissões, delineou um plano de revisão sobre os agentes que poderiam sofrer sanções, causou inquietação no corpo de funcionários do FBI. Embora haja uma tendência conservadora entre muitos membros da força de trabalho, a grande maioria está preocupada com as repercussões de suas atividades durante o governo Trump.
As tentativas da administração Trump de demitir aqueles que tiveram papel significativo nas investigações criminal eram, e ainda são, vista como uma violação dos direitos ao devido processo. Em novas declarações, os advogados dos funcionários ameaçaram tomar medidas legais caso as demissões se concretizem e as identidades dos agentes envolvidos sejam reveladas, pois isso os tornaria alvos de ataques e assédios.
James Dennehy, destacado agente do FBI em Nova York, manifestou apoio à sua equipe em um e-mail motivacional, utilizando a metáfora de um “buraco de raposa” para transmitir a necessidade de proteção durante este período incerto. Ele enfatizou a importância de defender os direitos dos agentes e respeitar suas decisões pessoais na luta contra as injustiças em seu ambiente de trabalho.
A situação continua em constante evolução, com agentes e advogados se preparando legalmente para quaisquer consequências adversas. O temor de demissões e exposição pública dos nomes dos envolvidos nas investigações intensifica ainda mais as tensões dentro do FBI, refletindo as complexidades políticas que cercam o governo Trump. Nesse cenário, a solidariedade entre agentes da aplicação da lei mostra-se crucial para enfrentar os desafios que se apresentam.
Ainda há muito a ser resolvido neste cenário polarizador. O que ocorrerá nos próximos dias poderá moldar o futuro do FBI e a forma como as investigações são conduzidas sob pressões políticas. É importante que o público permaneça informado e engajado com esta questão delicada que envolve a justiça e a integridade das instituições.