A guerra comercial iniciada por Donald Trump pode gerar oportunidades e desafios para o Brasil. Apesar das incertezas no comércio internacional, o país pode se beneficiar ao aumentar as vendas de calçados para os Estados Unidos e acelerar o acordo com o Mercosul. Contudo, há preocupações em relação ao aumento das importações de produtos chineses, que podem inundar o mercado brasileiro.
Durante uma feira de calçados na Itália, compradores americanos buscaram produtores brasileiros, criando oportunidades de negócios em meio às incertezas trazidas pela taxação sobre os fabricantes chineses. O temor de desabastecimento e o aumento nos preços dos produtos chineses incentivaram essa busca por alternativas. “Os americanos já vinham se antecipando e buscando outros mercados para se abastecer, e o Brasil é um deles”, afirmou Haroldo Ferreira, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados).
Em 2024, o Brasil enviou aproximadamente 10,28 milhões de pares de calçados para os EUA, totalizando vendas de US$ 216,3 milhões, apesar de uma queda em volume e em receita em comparação ao ano anterior. No entanto, o ambiente competitivo pode se tornar desafiador. O receio é que a América Latina seja usada como destino para calçados chineses, que se tornariam mais caros nos Estados Unidos devido às tarifas adotadas por Trump.
O cenário no setor automotivo é outro aspecto a ser considerado. As tarifas impostas a produtos do México e do Canadá não devem impactar diretamente o Brasil, mas, com o aumento das tarifas sobre carros elétricos chineses, é plausível que haja um crescimento nas exportações desses veículos para o Brasil.
Esse aumento nas vendas de veículos pode derivar das limitações do mercado interno chinês, onde a produção é subsidiada e enfrenta barreiras em outros mercados, como a União Europeia. Antonio Jorge Martins, coordenador de cursos automotivos da FGV, ressalta que o Brasil pode se tornar um novo destino preferido para a exportação de veículos e peças da China. Ele explica: “A tendência é que as empresas tenham alguma margem de ganho, então devem aumentar a exportação, especialmente para mercados onde já tenham bases de produção, como o Brasil.”
As incertezas em relação ao futuro do comércio internacional também são preocupantes. A Organização Mundial do Comércio (OMC) se encontra paralisada, sem novos líderes para lidar com disputas, o que deixa os países em um ambiente de comércio “sem regras”. Essa situação pode ser explorada por países que buscam aumentar suas trocas comerciais com alternativas aos produtos americanos.
A pressão e ameaça de tarifas sobre a União Europeia podem acelerar o acordo entre Mercosul e UE, mesmo que alguns países, como França e Irlanda, resistam à aliança. Dumas acredita que a situação atual é diferente da anterior e favorável para uma melhora nas negociações: “Mesmo com resistência de alguns países, o cenário para o acordo é diferente do anterior e tende a melhorar, não piorar.”
Conforme a guerra comercial avança, os impactos nas vendas de produtos brasileiros, tanto no setor de calçados quanto no automotivo, devem ser monitorados de perto, para garantir que o Brasil se posicione estrategicamente nesse novo cenário. A diversidade de mercados e a adaptação às novas realidades globais serão essenciais para que as indústrias brasileiras aproveitem as oportunidades e enfrentem os desafios que surgem neste contexto.
Com as várias ramificações dessa guerra comercial, é essencial que tanto o governo quanto o setor privado mantenham uma vigilância contínua sobre como estes movimentos afetam as relações comerciais. O futuro do comércio internacional é incerto, mas se a estratégia for bem elaborada, o Brasil poderá capitalizar sobre as novas condições do mercado.
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