Hugo Motta, deputado federal pelo Republicanos da Paraíba, foi eleito presidente da Câmara dos Deputados neste sábado, dia 1.º. Com apenas 35 anos, o político conquistou 444 votos, o que representa 87% dos 513 membros da Casa. Seu mandato está previsto para durar até 2027, com possibilidade de reeleição ao cargo. Ele sucede Arthur Lira, que ocupou a presidência nos últimos quatro anos.
A eleição de Motta contou com o suporte de um amplo arco de alianças, reunindo 18 partidos, que vão desde o PT até o PL, refletindo a força de sua candidatura.
Na disputa, Motta superou dois concorrentes: Marcel Van Hattem (Novo-RS), que obteve 31 votos, e Henrique Vieira (PSOL-RJ), com 22 votos, além de dois votos em branco. A votação foi realizada de forma secreta e, apesar de expressiva, não igualou o recorde de Arthur Lira, que recebeu 464 votos em sua recondução.
Em seu discurso de posse, Motta expressou a intenção de trazer maior previsibilidade à agenda da Câmara e promover um alinhamento mais efetivo com o Senado. Ele enfatizou que sua gestão se pautará pela consideração da vontade da maioria dos deputados e a importância de uma "Câmara forte". "A garantia das prerrogativas parlamentares é essencial para o fortalecimento do povo, pois cada um de nós está diretamente relacionado aos anseios daqueles que nos deram o voto", disse ele.
O novo presidente também reconheceu que a unanimidade é uma utopia no legislativo e que suas decisões não terão caráter pessoal. "Ninguém navega o mar, mas no máximo o navio. E o navio nunca pode navegar contra as ondas do mar", afirmou, determinando sua posição de liderança.
Nascido em João Pessoa, na Paraíba, Motta é médico e vem de uma linhagem de políticos atuantes na região. Seu pai, Nabor Wanderley Filho, é o atual prefeito de Patos e seu avô paterno também ocupou o mesmo cargo. Do lado materno, seu avô foi deputado federal e sua avó, deputada estadual e prefeita.
A candidatura de Hugo Motta foi impulsionada pelo apoio do atual presidente Arthur Lira, que, por sua vez, obteve a aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sua trajetória na Câmara começou aos 21 anos pelo PMDB, e atualmente ele ocupa seu quarto mandato. Ao longo de sua carreira, Motta se destacou em diversas funções importantes, como presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito que investigou a Petrobras e relator de legislações emergenciais durante a pandemia.
Apesar de já ter sua candidatura lançada em outubro, houve especulação sobre quem poderia suceder Lira, com a liderança do União Brasil sendo um nome forte na corrida. No entanto, a movimentação em torno de Motta levou outros candidatos a desistirem, como Elmar Nascimento e Antonio Brito, que também se retiraram em favor do novo presidente.
Durante sua campanha, Motta propôs um diálogo aberto e busca fortalecer o Poder Legislativo em um momento onde a Casa enfrenta desafios como a regulamentação das redes sociais e questões fiscais. Também há expectativas em torno da proposta de anistia aos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro de 2023, embora Motta tenha se mostrado cauteloso em relação a esta pauta.
Consultores políticos afirmam que Motta deve entrar em um cenário onde fará o possível para cumprir acordos definidos por Lira, especialmente no que diz respeito ao orçamento atual, que ainda precisa de aprovação no Congresso. Inicialmente, sua influência pode ser menor que a de Lira, mas à medida que avançarem as negociações, seu protagonismo deverá aumentar.
A instituição de um relacionamento estável entre a Câmara e o Palácio do Planalto é esperada sob sua gestão, uma vez que a maioria dos deputados acredita que ele irá facilitar a comunicação e as decisões legislativas. Os 18 partidos que apoiaram a eleição de Motta são:
É importante ressaltar que o número de deputados não necessariamente reflete a quantidade de eleitores que cada partido tem. A votação secreta dificulta a identificação dos apoiadores de cada candidato.