BRASÍLIA - No cenário político atual, o senador Marcos Pontes (SP) anunciou sua candidatura à presidência do Senado, uma decisão que tomou independentemente do seu partido, o PL. A postura de Pontes é influenciada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que tentou por quatro vezes a presidência da Câmara, enfrentando derrotas consecutivas. O senador ressaltou que mesmo diante das críticas de Bolsonaro, que manifesta apoio à candidatura de Davi Alcolumbre (União-AP), ele seguiria em frente.
Em suas declarações, Pontes expressou admiração pela coragem de Bolsonaro. “Essa eleição é muito importante e a candidatura teve inspiração na atitude corajosa de Bolsonaro que concorreu quatro vezes a presidente da Câmara, sempre isolado, sempre combatido e nunca desistiu”, afirmou o ex-ministro da Ciência e Tecnologia. Ele foi o primeiro candidato a se dirigir à tribuna, onde teve a oportunidade de discursar para os demais senadores que iriam votar na escolha do novo presidente do Senado.
O astronauta fez questão de destacar sua gratidão a Bolsonaro e o chamou de amigo em seu discurso. “Bolsonaro é líder único e tenho orgulho de chamá-lo de amigo. Amigos de verdade não concordam em tudo, mas sempre querem o bem um para o outro”, disse Pontes, que acredita que o Brasil está em um momento de necessidade por mudanças, considerando o povo “aflito”. “O Brasil precisa de Senado com coragem e compromisso, vamos liderar juntos essa transformação”, completou.
No entanto, a decisão de Pontes de se candidatar à presidência do Senado veio acompanhada de descontentamento entre alguns colegas. Ele reconheceu o “inconveniente” que sua candidatura causou, especialmente para aqueles que se sentiram desconfortáveis com a situação. O PL, partido ao qual Pontes pertence, já definiu seu apoio a Alcolumbre, e o líder do partido no Senado, Carlos Portinho (RJ), reforçou essa aliança, dizendo que a decisão foi tomada com a anuência de Jair Bolsonaro.
Nas últimas semanas, Bolsonaro manifestou publicamente seu desapontamento com a candidatura de Pontes, considerando-a “lamentável”. O ex-presidente alertou que apoiar a candidatura do senador poderia colocar o partido em uma posição difícil, resultando na perda de comissões importantes. Ao desejar boa sorte ao senador, Bolsonaro ainda comentou: “É esse meu pagamento?” questionando o apoio que deu a Pontes na eleição de 2022.
O histórico do PL nas eleições anteriores também gerou preocupação, tendo em vista que em 2023, quando Rogério Marinho (PL-RN) se lançou contra Rodrigo Pacheco (PSD), o partido ficou sem espaços essenciais dentro do Senado por não formar uma coalizão com o vencedor.
Pontes, em sua fala, também trouxe à tona questões polêmicas que podem ser esperadas se ele for eleito, incluindo a possibilidade de reviver pedidos de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Além disso, prometeu “devolver à liberdade cidadãos injustamente perseguidos” em relação aos eventos ocorridos em 8 de janeiro. Sua candidatura também almeja avançar com um projeto que visa conceder anistia aos envolvidos nas invasões das sedes dos Três Poderes em 2023, um tema que é de particular interesse para Bolsonaro, que se encontra sob investigação pela Polícia Federal devido a alegações de tentativa de golpe de Estado.