Riyoko Ikeda expôs o que ela precisou passar enquanto uma mangaká em um mundo de homens.
A mangaká Riyoko Ikeda, responsável pela obra incrivelmente popular A Rosa de Versalhes, recentemente contou que a indústria de mangás, principalmente na década de 1970, estava longe de ser um ambiente justo. Segundo a autora, ela teve que desafiar as normas para conseguir garantir respeito e igualdade salarial em um mundo dominado por homens.
"Quando eu estava trabalhando em A Rosa de Versalhes, as mulheres não podiam progredir em suas carreiras, e eu recebia metade do salário dos meus colegas homens," disse ela em entrevista ao Oricon. "Uma vez eu protestei, perguntando: 'Por que me pagam metade quando estamos na mesma revista e temos popularidade semelhante?' A resposta me chocou. 'Os homens precisam sustentar suas esposas, e as mulheres são sustentadas por seus maridos. É por isso que os homens ganham mais.' As pessoas ficaram chocadas por eu ousar questionar o sistema."
Ela explorou mais o assunto, dizendo que foi um tempo difícil, ainda mais por muitos autores acharem superiores as autoras, mesmo que estivessem - literalmente - no mesmo barco (editora).
Ikeda conta que recebia muitas cartas de fãs da obra que também estavam trabalhando em empresas com outros homens. Em diversas dessas cartas, ela conta, as mulheres expressavam o desejo de ter alguém igual ao personagem André Garandier, o interesse romântico de uma das protagonistas, que mesmo após descobrir que ela se vestia de homem, ele ainda a amava.
Rosa de Versalhes, também conhecido como "Lady Oscar", foi um mangá serializado entre os anos de 1972 e 73 que se passa antes e durante a Revolução Francesa. A história segue a futura rainha da França, Maria Antonieta, e a capitã da guarda real Oscar Fraçois de Jarjayes que se veste como homem para poder liderar as tropas.
O mangá acabou ganhando um anime entre 1979 e 1980, também recebendo uma adaptação musical e live-action nos anos posteriores. No final de 2024, um remake em formato de filme foi anunciado da obra.