O aumento dos juros pelo Banco Central, aliado à perspectiva de alta da inflação em 2025, tem levado os investidores a procurarem mais os títulos do Tesouro Direto atrelados ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). A intenção é a manutenção do poder de compra ao longo dos próximos anos, mas é importante saber o que considerar antes de investir.
Perspectiva positiva para o investimento do Tesouro
Os prêmios estão atraentes. João Neves, analista de renda fixa da EQI Research, ressalta que esses títulos oferecem taxas de juros estimulantes, tornando-os opções viáveis para compor uma carteira e aproveitar o retorno ao mantê-lo por um longo período ou até a data de vencimento. "Além das taxas de juros reais interessantes, consideramos que esses ativos sejam ainda mais vantajosos para investidores com um horizonte de mais longo prazo", afirma.
Retornos consistentes a longo prazo. Neves destaca que, historicamente, quem adquiriu títulos IPCA+ com taxas acima de 7% ao ano obteve retornos relevantes nos anos seguintes, resultado do ganho de capital e da redução dos juros, melhorando a economia. Vitor Oliveira, sócio da One Investimentos, acrescenta que o título proporciona bons prêmios, em um cenário mais favorável do que em outras épocas com a Selic em níveis similares, como durante o governo Dilma Rousseff (PT).
Economistas consultados pelo BC preveem juros em 15% até 2025, conforme indicado no boletim Focus. Desde setembro, o Comitê de Política Monetária tem elevado a Selic em 0,25 ponto porcentual, a qual atualmente está em 12,25% ao ano.
Nos últimos meses, as taxas do Tesouro IPCA+ estão aumentando, tornando o investimento ainda mais atrativo para quem busca rentabilidade real. Investir no Tesouro IPCA+ é uma maneira eficaz de proteger seu dinheiro contra a inflação, garantindo uma remuneração real, ou seja, acima da inflação.
Dicas para quem investe no Tesouro IPCA+
Embora seja um momento interessante, isso depende do perfil do investidor. Oliveira, da One Investimentos, afirma que a taxa prefixada do Tesouro IPCA+ pode subir com o aumento dos juros, como uma forma de compensar a diferença em relação à taxa básica de juros. Outra alternativa é o Tesouro Selic. "Atualmente, a Selic está em 13,25%, com previsões de atingir 15% em 2025. Assim, você aproveita 15%, sem assumir grandes riscos, apenas acompanhando a Selic ou o CDI", complementa.
Os rendimentos a longo prazo proporcionam uma remuneração maior. Para Oliveira, essa dinâmica ocorre porque existem mais riscos associados ao longo do tempo, dado que é complicado prever a economia nos próximos 10 anos, por exemplo. Além disso, preocupações relacionadas à situação fiscal do Brasil e outros fatores externos, como questões nos Estados Unidos e o governo Trump, inverteram a curva de juros, resultando em títulos de curto prazo pagando mais do que aqueles com prazos mais longos.
Ganhos variáveis entre 7,24% e 7,77% acima da inflação. Recentemente, o Tesouro IPCA+ com vencimento em maio de 2029 apresentava uma remuneração de 7,77% ao ano além da inflação. Em contrapartida, o mesmo título, com juros semestrais e vencimento em maio de 2055, tinha a taxa prefixada em 7,32%. Já o investimento com vencimento em maio de 2035 oferecia um prêmio de 7,55% mais o IPCA.
A remuneração deve alinhar-se aos objetivos do investidor. Se a intenção for a longo prazo, como para aposentadoria, o Tesouro IPCA+ com prazo maior pode fazer mais sentido. Para objetivos de curto ou médio prazo, recomenda-se optar por prazos mais próximos. O investidor também deve considerar mesclar esses investimentos com outras opções, como o Tesouro Selic, a fim de diversificar a estratégia.
Cuidados e riscos
A liquidez é fundamental. Mesmo que seja possível resgatar os investimentos do Tesouro Direto antes do vencimento, o valor pode variar, dependendo das taxas de mercado, que sobem ou descem conforme a conjuntura econômica. Em outras palavras, retirar o investimento antes do prazo pode impactar o valor resgatado.
O Tesouro Selic é vantajoso em momentos de incertezas econômicas, pois seus títulos estão sujeitos às variações das taxas de juros de longo prazo, tornando-os menos arriscados e evitando volatilidade na carteira, observa Neves, da EQI.
Por outro lado, o Tesouro IPCA+ pode apresentar volatilidade devido à marcação a mercado. Neves afirma que essa marcação é a atualização do investimento para refletir seu preço atual. Em cenários específicos, esses títulos podem oferecer remunerações mais altas, mas é necessário estar atento.
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