Relação entre Brasil e Israel está tensionada após críticas do petista à guerra na Faixa de Gaza.
O embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, elogiou na terça-feira (28) a postura do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no contexto do Dia da Memória do Holocausto. Em um evento realizado pelas representações diplomáticas da Alemanha e de Israel, o diplomata israelense considerou importante e positiva a mensagem de Lula. "O Holocausto continua presente também em nossas relações diplomáticas, como vimos há cerca de um ano. E na mensagem publicada ontem pelo presidente do Brasil, em referência a essa data, uma declaração importante que vemos de uma forma muito positiva", avaliou.
Este ano marca os 80 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz, na Polônia. Em sua mensagem nas redes sociais, Lula afirmou ter um compromisso firme na luta contra o antissemitismo.
O elogio do embaixador israelense ocorre em um momento onde a relação diplomática entre Brasil e Israel atravessa uma fase tumultuada. Lula criticou publicamente o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, o que levou Israel a considerar o brasileiro como persona non grata. A situação deteriorou-se a tal ponto que o Brasil decidiu retirar seu embaixador de Tel Aviv, e ainda não há previsão para seu retorno. O governo brasileiro acredita que seu representante só voltará a Israel quando a situação estiver menos insustentável.
Em seu discurso, Zonshine enfatizou que, mesmo após 80 anos, "o Holocausto ainda faz parte da nossa vida" e expressou preocupação com os episódios recentes de antissemitismo. "Um dos fenômenos preocupantes que acompanham o distanciamento dos horrores do Holocausto é o aumento do antissemitismo. Vemos isso especialmente desde o início da guerra entre Israel e o Hamas. Há cada vez mais ataques a Israel que apresentam um antissemitismo aberto, não disfarçado", apontou.
Zonshine defendeu a luta contra o antissemitismo, reiterando a necessidade de que esta não ganhe força. Ele manifestou esperança de que o governo brasileiro assine uma declaração pública que defina o preconceito na tentativa de erradicá-lo. "Espero que o governo brasileiro também adote essa definição e ajude a erradicar esse fenômeno. A luta continua. E é uma causa comum a todos nós — aqui, em Israel, na Alemanha e em qualquer lugar. Não podemos interrompê-la", finalizou.