Los Angeles, 24 de abril de 2025 — A política tarifária implementada pelo ex-presidente Donald Trump está criando preocupações na indústria têxtil dos Estados Unidos. A marca de roupa íntima Cantiq, com sede na Califórnia, alerta que as novas taxas de importação de até 145% sobre produtos chineses podem inviabilizar sua operação e ameaçar centenas de postos de trabalho.
Holding a 'Made in USA' label, Cantiq, fundada em 2015 por Chelsea Hughes, produz roupas íntimas que são notavelmente inclusivas. Contudo, a fabricante depende de insumos importados da Ásia, como tecidos e elásticos. Hughes critica a situação: "Nunca recebemos incentivos por produzir aqui, e agora seremos punidos por depender de insumos globais".
A empresa, que emprega dezenas de costureiros em seu ateliê localizado em Los Angeles, vê que as tarifas anunciadas no dia 2 de abril, que também incluem 10% sobre produtos brasileiros e taxas equivalentes a outros países, podem resultar em custos excessivos para continuar seus negócios.
No início do mês, Trump justificou as tarifas como uma "Declaração de independência econômica" dos EUA. Entre as medidas estão 10% sobre todas as importações brasileiras e 25% sobre veículos vindos de fora do acordo USMCA. Contudo, os críticos alertam que a política poderá resultar em desindustrialização em setores que dependem de cadeias produtivas globais.
Em resposta a essas políticas, o Senado brasileiro aprovou um projeto que permite retaliações a barreiras comerciais, aumentando as tensões entre os países. Frente a esse cenário desafiador, a Cantiq está considerando diversas alternativas, como reduzir margens de lucro para absorver os novos custos, buscar fornecedores locais, ainda escassos, e pressionar por subsídios governamentais à produção nacional.
"Estamos entre a cruz e a espada: ou repassamos o aumento aos consumidores ou cortamos postos de trabalho", desabafa Chelsea Hughes, a fundadora da marca. A situação preocupa também o costureiro Francisco Tzul, que teme um retrocesso em sua trajetória profissional. Ele fala sobre o risco pessoal que enfrenta: "Se a Cantiq fechar, voltarei às oficinas ilegais, sem direitos trabalhistas".
Especialistas na área econômica apontam que a abordagem tarifária de Trump desconsidera a complexidade das cadeias produtivas atuais. À medida que o governo promete "libertar" a economia, muitos trabalhadores como Tzul se questionam sobre quem realmente será beneficiado e a que custo essa liberdade virá.