Um juiz federal dos Estados Unidos ordenou que a administração do presidente Donald Trump restabeleça imediatamente o financiamento da Voice of America (VOA) e de outras redes de mídia financiadas pelo governo. A decisão foi proferida em 22 de abril de 2025, em resposta a uma ação movida por funcionários e contratados desses veículos de comunicação, que alegaram que o corte abrupto violava a lei federal.
O juiz Royce Lamberth, do tribunal do Distrito de Columbia, foi o responsável por essa ordem judicial. Ele determinou que o financiamento da VOA e de duas redes independentes da Agência dos EUA para Mídias Globais (USAGM) fosse restabelecido. O juiz argumentou que o corte do financiamento foi considerado ilegal e em violação a várias leis federais, além de ter ocorrido sem uma análise fundamentada.
O contexto da decisão remonta ao dia 14 de março, quando o presidente Trump assinou um decreto com o intuito de eliminar o financiamento da VOA e de outras mídias governamentais. Essa ação gerou uma forte reação e questionamentos legais, e no dia seguinte, a assessora Kari Lake começou a implementar o corte dos recursos destinados a esses veículos, que são essencialmente financiados pelo Congresso dos EUA. Lamberth enfatizou que as ações tomadas pela administração provavelmente violavam várias leis federais, já que a agência responsável pode redirecionar apenas até 5% dos recursos entre suas programações, mas não tem a autorização para cessar o financiamento completamente.
Além da VOA, o juiz ordenou a retomada das transmissões da Rádio Ásia Livre e da Rede de Difusão para o Médio Oriente, ambas operadas pela USAGM. No entanto, a solicitação para restabelecer o financiamento da Rádio Europa Livre/Radio Liberty (RFE/RL) e do Open Technology Fund foi negada. Lamberth criticou a abordagem da administração como "precipitada e indiscriminada", ressaltando que o corte foi realizado simultaneamente ao aprovação, pelo Congresso, da dotação orçamentária para esses meios até setembro de 2025.
A VOA, criada há mais de 80 anos, é uma das principais fontes de notícias dos EUA voltadas para o público internacional, com a missão de promover informação imparcial e fomento à democracia. O corte de financiamento teria comprometido a continuidade dessas transmissões, que são consideradas essenciais ferramentas de diplomacia pública americana. A decisão judicial reafirma a necessidade de preservar a independência editorial dos meios de comunicação e de seguir as leis que resguardam esses veiculos contra interferências políticas.
A liminar concedida atua como uma medida provisória, permitindo que os meios de comunicação continuem funcionando enquanto o tribunal examina o mérito do caso. Embora a administração Trump tenha a opção de recorrer da decisão, ela está, neste momento, obrigada a restabelecer os recursos e permitir que a VOA e as redes autorizadas retomem suas operações. Este caso exemplifica o conflito entre o Executivo e os mecanismos legais que regulam o financiamento e a autonomia da mídia pública nos EUA.
Este evento ilustra a tensão persistente entre o governo e as mídias financiadas pelo Estado. Destaca também a relevância de manter um equilíbrio saudável entre o controle político e a independência editorial, crucial para garantir tanto a credibilidade quanto a eficácia das comunicações internacionais americanas.