O socar de paredes, uma expressão física da raiva e frustração, é um comportamento frequentemente observado entre homens, revelando questões profundas sobre como a masculinidade é socialmente construída. De acordo com especialistas em saúde mental, esse fenômeno geralmente ocorre em momentos de forte emoção negativa, como tristeza ou angústia, e sua análise revela muito sobre as dinâmicas psicológicas e sociais que cercam a vida emocional masculina.
O ato de socar paredes é mais do que um impulso momentâneo; é uma forma de expressão de sentimentos que, culturalmente, são muitas vezes reprimidos. Esse comportamento pode ser visto em diversas situações, especialmente em ambientes domésticos ou sociais, destacando a dificuldade de muitos homens em expressar suas emoções de maneira saudável.
A construção social da masculinidade desempenha um papel crucial na forma como os homens lidam com suas emoções. Desde a infância, muitas vezes são ensinados a reprimir sentimentos como medo e tristeza, sendo a agressividade a única forma “aceita” para expressar o que sentem. O psicanalista Felipe Baére aponta que essa repressão está profundamente enraizada em ritos de passagem que exaltam a resistência e a autoconfiança, levando à externalização da raiva acumulada através de atos como socar paredes.
Muitos homens enfrentam o medo de expor suas fragilidades emocionais, o que resulta na criação de mecanismos de defesa que se manifestam em comportamentos agressivos. Dessa forma, socar paredes torna-se uma maneira de canalizar a dor emocional em algo tangível, em uma tentativa de controlar a dor interna. Essa reação pode ser especialmente evidente entre aqueles que não possuem estratégias saudáveis para o manejo da raiva, tornando a agressividade uma solução temporária.
As implicações da repressão emocional e da agressividade não são apenas psicológicas, mas também físicas. A resistência em procurar ajuda profissional pode perpetuar quadros graves de ansiedade e depressão, além de aumentar o risco de suicídio, que é alarmantemente elevado entre homens em diversos contextos. O socar de paredes, portanto, não indica apenas um descontrole emocional, mas também pode resultar em lesões físicas e em danos ao ambiente ao redor.
Os especialistas enfatizam a importância de buscarem apoio psicológico os homens que frequentemente enfrentam episódios de raiva intensa. A terapia oferece um espaço para identificar gatilhos emocionais e desenvolver estratégias para lidar com a raiva de forma construtiva. Além disso, é essencial trabalhar na desconstrução do estigma que associa a vulnerabilidade à fraqueza, promovendo uma mudança cultural que permita aos homens expressar suas emoções de maneira saudável e buscar ajuda quando necessário.
O fenômeno de socar paredes emerge como um reflexo de questões sociais e culturais profundas, e a transformação dessa realidade passa pela promoção de uma saúde emocional mais acessível e compreensiva para os homens. Com o entendimento adequado e suporte, é possível reverter esse ciclo de agressividade em algo mais positivo e construtivo.
Referências:
[1] GQ Globo, 17 abr 2025
[2] Correio Braziliense, 10 abr 2025 (atualizado)
[3] Doctoralia, respostas recentes sobre ataques de raiva