A anistia de 1979, promulgada pelo então presidente João Figueiredo, foi um passo crucial na transição democrática do Brasil. Este ato visava perdoar crimes políticos cometidos durante a ditadura militar, abrangendo tanto os que foram perseguidos quanto os agentes da repressão. Aproximadamente em agosto daquele ano, a Lei de Anistia foi aprovada como parte de um processo de distensão política, que já havia iniciado com seu antecessor, Ernesto Geisel.
A inclusão deste perdão a crimes tão graves como tortura e assassinato gerou intensas controvérsias, refletindo as complexidades da história política brasileira.
Em contraste, a proposta de anistia que está sendo discutida atualmente no Congresso, voltada para 2025, visa perdoar crimes políticos e eleitorais. Essa proposta surge em um contexto de polarização e se destina a manifestantes, caminhoneiros e empresários que desempenharam um papel ativo em atos que ocorreram entre 30 de outubro de 2022 e a eventual promulgação da lei.
Entre os beneficiados potenciais está o ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente inelegível até 2030. A proposta abrange também a anulação de multas referentes a essas condenações. Entretanto, a Constituição Federal de 1988 impõe limites rigorosos à anistia, excluindo crimes como tortura, tráfico de drogas e atentados contra a ordem democrática, complicando, assim, a aprovação da atual proposta.
As diferenças entre as anistias de 1979 e 2025 se cristalizam especialmente em relação aos contextos e às naturezas dos crimes que abrangem. Enquanto a anistia de 1979 foi um mecanismo de reconciliamento nacional, destinado a facilitar a transição para a democracia, a proposta de 2025 é vista como uma medida que pode proteger indivíduos que participaram de manifestações classificadas como antidemocráticas.
Essas distinções legais e contextuais colocam desafios à proposta, especialmente considerando que a Constituição de 1988 foi elaborada para proteger os direitos democráticos e limitar a anistia em casos que envolvem crimes contra o Estado.
A discussão sobre a anistia de 2025 continua a ser um tema polêmico no cenário político brasileiro, levantando questões sobre a relação entre justiça e perdão em um período de profundas divisões sociais. À medida que o debate avança no Congresso, os desdobramentos dessa proposta podem influenciar não só o futuro eleitoral de figuras como Jair Bolsonaro, mas também o entendimento das regras do jogo democrático no Brasil.