Em um clima de tensão crescente, os Estados Unidos e a Ucrânia continuam as negociações sobre um acordo para a exploração de minerais críticos. O objetivo das conversas é assegurar o acesso americano a valiosas reservas minerais presentes na Ucrânia, mas as discussões têm enfrentado barreiras significativas, em grande parte devido a uma proposta considerada excessiva pela administração Trump.
As tratativas, que ocorrem em Washington e começaram no início do ano, visam explorar recursos como terras raras, vitais para a modernização da economia ucraniana e a garantia de acesso a materiais estratégicos. Entretanto, a proposta americana sugere um controle substancial sobre os recursos naturais da Ucrânia, revestindo-se de resistências. O plano inclui a criação de um fundo de investimento conjunto, que englobaria todos os rendimentos gerados pela exploração dos recursos por empresas ucranianas, tanto estatais quanto privadas. Essa abordagem é vista por muitos analistas como uma ameaça à soberania da Ucrânia, especialmente sem garantias de segurança em troca do acesso a esses recursos.
O presidente Volodymyr Zelensky tem sido claro ao afirmar que a Ucrânia está aberta a um acordo, mas este deve respeitar a soberania nacional e se basear em uma relação de paridade. Ele enfatizou a importância de uma parceria justa, onde a Ucrânia forneceria terras e recursos, enquanto os Estados Unidos ofereceriam tecnologia e capital para promover o desenvolvimento econômico. Além disso, a Rússia deve se manter afastada do cenário geopolítico, uma vez que o país está em um conflito armado que complica ainda mais as negociações.
A falta de garantias de segurança para a Ucrânia, que ainda enfrenta a pressão da guerra com a Rússia, é um dos principais fatores que complicam as conversas. Ademais, um potencial acordo pode conflitar com um pacto de parceria firmado entre a Ucrânia e a União Europeia em 2021, que visa facilitar a troca de matérias-primas críticas e pode afetar o processo de adesão da Ucrânia ao bloco europeu. Neste contexto, a Ucrânia busca apoio legal através da contratação da firma de advocacia Hogan Lovells, com o intuito de elaborar um entendimento que beneficie ambas as partes.
Nos próximos dias, altos funcionários ucranianos, incluindo o primeiro-ministro Denys Shmyhal e o ministro das Finanças Serhiy Marchenko, estarão em Washington para participar de reuniões do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial. Essas reuniões poderão se tornar uma nova oportunidade para fomentar os diálogos em torno do acordo. No entanto, a atmosfera de antagonismo revela que uma resolução rápida das negociações ainda é uma perspectiva incerta.