Glauber Braga, deputado federal pelo PSOL do Rio de Janeiro, iniciou uma greve de fome na madrugada de quarta-feira, 9 de abril, como forma de protesto contra o processo que pode resultar na cassação de seu mandato. O ato ocorre no plenário da Câmara dos Deputados, onde o parlamentar dorme no chão, ingerindo apenas líquidos, como água e isotônico.
O motivo central do protesto é a aprovação, pelo Conselho de Ética da Câmara, de um relatório que recomenda a cassação de Braga por quebra de decoro parlamentar. Este relatório foi aprovado por 13 votos a 5 e agora segue para votação no plenário, onde para ser aprovado, necessita de pelo menos 257 votos.
O processo de cassação é resultado de um incidente ocorrido em abril de 2024, quando Glauber Braga expulsou um membro do Movimento Brasil Livre (MBL) da Câmara, utilizando empurrões e chutes. O deputado justificou sua atitude alegando que o ativista frequentemente provocava e ofendia sua mãe, que estava enfrentando problemas de saúde na ocasião.
Durante a greve, Braga tem recebido apoio de aliados, familiares e amigos. Entre os que o visitaram está sua esposa, a deputada Sâmia Bomfim, que esteve acompanhada do filho do casal. O deputado tem acompanhamento médico e, até o momento, sua pressão arterial se mantém estável, apesar das condições adversas de jejum.
No cenário político, reações diversas surgiram a partir da ação de Glauber Braga. Membros da esquerda acusam o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira, de ter envolvimento ou interferência no processo que ameaça o mandato do deputado. Lira, por sua vez, nega as alegações, mas Braga afirma que ele seria o verdadeiro autor do relatório de cassação, em represália às críticas feitas ao orçamento secreto.
Com esse ato, Glauber Braga se posiciona como uma figura central em um debate intenso sobre ética parlamentar e os limites da liberdade de expressão no contexto político brasileiro. A situação levanta questões sobre a relação entre os poderes e o papel da pressão política em processos legislativos, ampliando o debate sobre a legitimidade das ações e a defesa da democracia dentro da Câmara dos Deputados.