Em uma sessão tumultuada e repleta de protestos, o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados decidiu, por 13 votos a 5, pela cassação do mandato do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), ocorrida na última quarta-feira. As acusações que pesam sobre o parlamentar incluem uma suposta quebra de decoro parlamentar ao expulsar fisicamente um membro do Movimento Brasil Livre (MBL) das dependências da Câmara em abril de 2024.
No centro da controvérsia está a expulsão de Gabriel Costenaro, um militante do MBL, após um incidente que culminou em agressões físicas, segundo a denúncia apresentada pelo Partido Novo. Durante uma discussão acalorada, Glauber teria empurrado e chutado Costenaro, justificando sua reação como uma resposta às ofensas pessoais feitas pelo militante, que teria desrespeitado a memória de sua mãe, recentemente falecida.
A decisão do Conselho de Ética agora aguarda a aprovação do plenário da Câmara, onde para que a cassação se torne efetiva, são necessários pelo menos 257 votos favoráveis. Diante desse cenário, Glauber Braga planeja recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e pode levar a questão ao Supremo Tribunal Federal (STF) caso suas apelações sejam rejeitadas. O PSOL, partido ao qual pertence, também se planeja para questionar a proporcionalidade da punição imposta ao deputado, defendendo que foi desproporcional em comparação a casos semelhantes já julgados.
Em meio à turbulência, Glauber anunciou sua decisão de entrar em greve de fome como forma de protesto contra o processo que considera uma perseguição política dirigida pelo então presidente da Câmara, Arthur Lira. Ele afirmou que permanecerá no Congresso Nacional até que a questão da votação e da cassação seja resolvida.
A sessão foi marcada pelo apoio entusiástico de seus seguidores, que gritavam palavras de ordem como "Glauber fica!", e contou com a presença do ator Marco Nanini, que esteve no local para demonstrar seu suporte ao deputado.
As implicações desse ato e a reação dos deputados ainda estão em panorama incerto, mas a situação levanta questões cruciais sobre discurso, ética e direitos dos parlamentares no Brasil. A luta de Glauber Braga pode simbolizar não apenas uma batalha pessoal, mas também uma reflexão sobre a maneira como se dá a política e as suas idiossincrasias no país.