Fabrício Boliveira, renomado ator de 42 anos, está prestes a se despedir de seu icônico papel como Jão na novela "Volta por Cima", da TV Globo. Com o drama previsto para encerrar sua exibição em 26 de abril, Boliveira compartilha sua experiência transformadora, que ultrapassou as barreiras tradicionais da televisão brasileira ao permitir um diálogo significativo com o público.
Ambientada no subúrbio carioca, a novela não só mantém uma narrativa intrigante, mas também aborda temas sociais pungentes que ressoam com a realidade de muitos brasileiros. Ao longo da trama, Boliveira observa a urgência em discutir a paternidade e as diversas masculinidades negras, refletindo uma nova visão e representatividade na TV.
O sucesso de "Volta por Cima" vai além de sua narrativa cativante; ela se destaca por provocar reflexões sobre a precarização do trabalho e o papel da comunidade nas vidas dos personagens, ressaltando valores como a empatia e a solidariedade. Boliveira menciona a parceria com Jéssica Ellen, que traz à vida a personagem Madalena, e como a dinâmica do casal gerou importantes debates sobre afetividade e relacionamentos na contemporaneidade.
Boliveira aborda o papel de galã com uma dose de humor, brincando com a ideia de ser "cafona" – uma ironia que vem da percepção popular do que é ser um romântico na televisão. Para se preparar para viver Jão, o ator investiu em aulas de canto e pandeiro, além de buscar a essência do personagem através de conversas com profissionais do transporte urbano, uma imersão que enriqueceu sua atuação.
Uma das contribuições mais significativas de sua interpretação é a representação positiva do protagonismo negro na televisão. Boliveira destaca a necessidade de mostrar personagens negros em narrativas mais amplas, que desafiem estereótipos e explorem temas como amor e afeto de maneira complexa, sem recorrer à violência e ao drama habituais.
Com a iminente conclusão de "Volta por Cima", o ator expressa sua gratidão pelos momentos passados com a equipe, revelando uma mistura de saudade e entusiasmo para o futuro. Ele revelou planos de tirar férias e explorar novos destinos ao redor do mundo enquanto reflete sobre os caminhos que a vida lhe reserva.
Além de seu trabalho na novela, Boliveira é um defensor ativo da inclusão no setor artístico, sendo o fundador da plataforma Elenco Negro, que tem como objetivo apoiar a inserção de atores negros no mercado de trabalho. Essa iniciativa sublinha seu compromisso com a construção de um espaço mais igualitário na indústria do entretenimento, evidenciando que sua influência vai muito além da telinha.
O legado deixado por Fabrício Boliveira em "Volta por Cima" deixa uma marca forte na cultura brasileira, evocando discussões necessárias e inspirando futuras gerações de artistas.