Um escândalo de grandes proporções envolve o colégio católico Notre-Dame de Bétharram, localizado no sudoeste da França, onde mais de 150 queixas de agressões sexuais e físicas contra alunos foram registradas, ocorrendo entre a década de 1950 e 2010. Entre os acusados estão pelo menos 11 homens, incluindo tanto religiosos quanto laicos que atuaram na instituição. A descoberta dos casos de abusos tem gerado uma onda de críticas e responsabilizações, especialmente direcionadas ao primeiro-ministro francês, François Bayrou.
Durante seu mandato como ministro da Educação entre 1993 e 1997, Bayrou é acusado de ter conhecimento de situações de violência e ter falhado em agir para preveni-las. O primeiro-ministro, por sua vez, nega ter recebido qualquer relatório a respeito das acusações, mas a pressão política sobre ele tem aumentado, principalmente por ele ter filhos que estudaram na mesma escola e por sua esposa ter lecionado catecismo lá.
A oposição francesa não hesita em questionar a responsabilidade do governo frente a casos tão graves. O presidente Emmanuel Macron se pronunciou em defesa de Bayrou, afirmando que ele esclareceu suas respostas em relação ao caso, o que gerou um debate intenso sobre a responsabilidade das autoridades em situações de abuso de poder. Enquanto Bayrou tenta dissociar sua imagem do escândalo, a pressão por transparência e prestação de contas continua a crescer.
A resposta do colégio católico e da Igreja em geral tem sido de reconhecer a gravidade das situações expostas. Os padres que administravam a escola expressaram sua responsabilidade pelos abusos e iniciaram um trabalho de reparação às vítimas. Até o momento, já foram gastos aproximadamente €700.000 para indenizar 19 pessoas. Além disso, a instituição planeja vender propriedades para arrecadar fundos que possam ajudar a compensar mais vítimas.
A Conferência Episcopal Francesa, em um movimento para lidar com o impacto dos abusos, tem promovido encontros com vítimas, sublinhando a necessidade de vigilância e apoio àqueles que sofreram abusos. Essa mudança de postura busca estabelecer uma cultura de cuidado e proteção, especialmente em relação às crianças, para evitar que tragédias como essa se repitam no futuro.
O escândalo no colégio Notre-Dame de Bétharram é um reflexo mais amplo da luta da Igreja Católica e das autoridades em lidar com casos de abuso sexual e a necessidade urgente de reavaliar as estruturas de proteção das crianças. Além das políticas públicas, o desafio será garantir que haja um ambiente seguro e respeitoso nas instituições educacionais, que deve começar com uma escuta ativa e ações firmes contra qualquer forma de violência.