O recente lançamento de Assassin's Creed Shadows provocou um intenso debate no Japão, com reações significativas do governo e da comunidade gamer a respeito da representação cultural e histórica do jogo. Estreado em março de 2025, o título, que se passa durante o período Sengoku, trouxe à tona críticas sobre a veracidade de sua narrativa e a sensibilidade cultural, especialmente pela inclusão da destruição de um santuário xintoísta real, o Itatehyozu Shrine, localizado em Himeji.
A controvérsia não passou despercebida pelo Primeiro-Ministro Shigeru Ishiba, que declarou publicamente sua insatisfação quanto ao que ele classificou como desrespeito à cultura japonesa. Em suas palavras, o governo deve estar vigilante para que não haja desconsiderações em relação à rica herança cultural do Japão. Apesar de suas preocupações, Ishiba também deixou claro que não haveria ações legais contra a Ubisoft, a desenvolvedora do jogo, indicando uma postura de diálogo ao invés de confronto.
O Ministério da Economia, Comércio e Indústria também se manifestou, afirmando que, se o santuário decidir buscar orientação legal ou consultoria, as agências do governo poderão intervir. Essa posição demonstra um equilíbrio entre a defesa dos interesses culturais e a liberdade de expressão nos jogos, refletindo a complexidade da questão.
Em resposta às críticas e à pressão pública, a Ubisoft anunciou um patch para Assassin's Creed Shadows para endereçar as preocupações da comunidade. A atualização visa tornar os elementos dentro dos santuários indestrutíveis, além de moderar a representação de violência em locais sagrados. Essas medidas foram bem recebidas por alguns setores da sociedade japonesa, que valorizam a tentativa da desenvolvedora em adaptar o jogo a fim de respeitar os valores culturais locais.
O que se observa com todo esse debate é que Assassin's Creed Shadows se tornou um símbolo das tensões que muitas vezes existem entre a criatividade em jogos eletrônicos e a responsabilidade cultural. Com a crescente globalização e a diversidade nas audiências de jogos, a representação precisa e respeitosa de culturas se torna um desafio diário, não apenas para desenvolvedores, mas também para jogadores e autoridades que buscam proteger suas identidades culturais.
À medida que as interações entre cultura e jogos continuam a evoluir, espera-se que debates como este proporcionem uma discussão mais ampla sobre como as representações em mídias interativas podem afetar percepções e a manutenção da identidade cultural. A Ubisoft, por sua vez, pode estar caminhando na linha fina entre inovação e responsabilidade, um aspecto crucial para o sucesso de seus futuros projetos.