Em uma decisão polêmica, a Suprema Corte dos Estados Unidos deu luz verde ao governo para utilizar a Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798 na deportação de imigrantes, com foco em supostos integrantes de gangues da Venezuela. A escolha, ratificada por uma votação apertada de 5 a 4, permite ao governo reiniciar deportações anteriormente suspensas por um juiz distrital. O ex-presidente Donald Trump fundamentou sua argumentação na ideia de que os Estados Unidos enfrentam um "conflito não convencional" com determinados grupos estrangeiros, o que para ele justifica a aplicação dessa lei ancestral. Os imigrantes que enfrentam a deportação terão a oportunidade de contestar sua expulsão judicialmente.
De origem histórica, a Lei de Inimigos Estrangeiros foi instituída em 1798 e, tradicionalmente, é utilizada em períodos de guerra, como na Guerra Anglo-Americana e nas duas Guerras Mundiais. Esta normativa concede ao governo o poder de deter e deportar cidadãos estrangeiros que provêm de nações consideradas hostis. A decisão da Suprema Corte se apresenta como um triunfo significativo para a administração Trump em sua abordagem em relação à imigração, apesar das críticas de especialistas e de organizações de direitos humanos.
A recepção da decisão pelo público teve forte sabor de controvérsia, sendo amplamente criticada por diversas organizações de direitos humanos e juristas, que levantam questionamentos acerca da aplicabilidade de uma norma do século XVIII no atual contexto. Mais de 200 migrantes venezuelanos já foram deportados em marzo para El Salvador, um país que se alinha politicamente com o ex-presidente Trump. Para suavizar a decisão, a Suprema Corte impôs certos requisitos, como a notificação prévia aos imigrantes, permitindo assim que eles busquem habeas corpus e assegurem seu direito à revisão judicial.
A resolução é percebida como uma glória política para Trump, que tem mostrado severidade em sua política migratória. Contudo, a juíza Amy Coney Barrett, nomeada por Trump, manifestou sua discordância ao votar contra o emprego da citada lei, revelando algumas divergências nas deliberações da corte. O caso também intensificou tensões políticas, levando Trump a criticar o juiz James Boasberg, que inicialmente havia bloqueado as deportações.
Os desdobramentos dessa decisão geram desconfiança e incerteza em relação ao futuro das políticas de imigração nos Estados Unidos, refletindo a polarização sobre a forma como o país deve lidar com a questão migratória.