A Austrália expressou forte descontentamento em relação às novas tarifas de 10% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos australianos, uma medida anunciada pelo Presidente Donald Trump em 2 de abril de 2025, com efeito a partir de 5 de abril. O Primeiro-Ministro australiano, Anthony Albanese, descreveu essas ações como "não ato de amigo", enfatizando o impacto negativo que podem ter sobre as relações comerciais entre os dois países.
As tarifas visam corrigir desequilíbrios comerciais e proteger a economia americana, mas suas consequências são amplamente sentidas do outro lado do Pacífico. As exportações australianas de carne, por exemplo, totalizaram mais de A$4 bilhões em 2024 e serão severamente afetadas por estas novas tarifas. Além disso, a Austrália já enfrenta preocupações com a desaceleração econômica em mercados importantes como China, Japão e Coreia do Sul, que lidam com tarifas ainda mais elevadas, o que pode resultar em uma diminuição na demanda por suas commodities, incluindo minério de ferro e carvão.
Apesar do alarmante cenário econômico, o governo australiano decidiu não retorcer com tarifas retaliatórias. Em vez disso, Albanese anunciou a implementação de um pacote de apoio de A$50 milhões, destinado a ajudar os exportadores a diversificar seus mercados. Isso sinaliza uma tentativa da Austrália de mitigar os impactos das tarifas e de buscar alternativas fora do tradicional eixo comercial com os EUA.
A Austrália está considerando também fazer uso dos mecanismos de resolução de disputas previstos no Acordo de Livre Comércio Austrália-EUA (AUSFTA). Essa estratégia pode servir como uma plataforma para confrontar as tarifas americanas de um ponto de vista diplomático e legal.
À medida que as relações comerciais evoluem, há uma pressão crescente sobre a Austrália para repensar seus laços econômicos. As ações dos EUA podem não apenas criar um novo desafio nas relações bilaterais, mas também forçar a Austrália a reavaliar seu posicionamento comercial com a China. Se a estratégia americana não alcançar os resultados desejados, pode haver o risco de ver uma escalada nas tensões comerciais, levantando a possibilidade de sanções secundárias que afetariam países com laços comerciais estreitos com Pequim. Esse cenário poderia obrigar a Austrália a tomar decisões difíceis sobre seu alinhamento econômico e suas prioridades na arena internacional.