O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se encontra na Ásia em uma missão comercial focada na abertura de novos mercados para a carne bovina brasileira, com especial atenção ao Japão e ao Vietnã. A viagem, que inclui encontros significativos com o Imperador Naruhito e o primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, tem como propósito a construção de parcerias estratégicas e o avanço nas negociações para um acordo entre o Mercosul e o Japão. A cautela nas tratativas se faz essencial, considerando o atual contexto de guerra comercial global e o elevado nível de dependência do Japão em relação às importações de carne bovina.
Lula chegou ao Japão em 24 de março, acompanhado por uma comitiva que inclui figuras proeminentes do setor privado, como os irmãos Joesley e Wesley Batista, da JBS. Essa visita não apenas carrega um valor estratégico, mas também simboliza os 130 anos de relações diplomáticas entre Brasil e Japão. O Japão figura como um mercado crucial para o Brasil, sendo o terceiro maior parceiro comercial asiático do país em 2024, com um intercâmbio comercial estimado em 11 bilhões de dólares.
No entanto, essa missão não é desprovida de desafios. O Japão importa aproximadamente 70% de seus produtos bovinos, com forte ênfase nas importações provenientes dos Estados Unidos e da Austrália. As exigências impostas pelo Japão para a entrada de carne bovina brasileira são rigorosas, incluindo inspeções sanitárias nos frigoríficos, o que representa uma barreira significativa.
A Secretaria de Comunicação do governo brasileiro (Secom) tem explorado estratégias inovadoras para comunicar a importância desta viagem. Uma das táticas notórias foi a representação de Lula em formato de mangá, visando facilitar a compreensão das metas comerciais da missão entre os japoneses.
A visita também representa uma oportunidade de avançar nas negociações para um acordo entre o Mercosul e o Japão, que pode resultar em um aumento significativo das exportações brasileiras. Lula defendeu o multilateralismo nesse novo cenário de reorganização geopolítica e sublinhou a importância de manter diálogos ativos com os países asiáticos. Ele enfatizou que a questão da venda de carne para o Japão deverá ser resolvida até 2025, prevendo que especialistas nipônicos realizarão avaliações do rebanho brasileiro em breve.