Charlie Javice, a fundadora da startup Frank, foi considerada culpada por um júri federal em Manhattan por conspiração e diversas fraudes, resultando em uma condenação que pode levar a uma pena de até 30 anos de prisão. A condenação está relacionada à venda de sua empresa para o JPMorgan Chase, o maior banco dos Estados Unidos, em um negócio avaliado em 175 milhões de dólares.
O veredito foi resultado de um julgamento que se estendeu por seis semanas, no qual o júri deliberou por aproximadamente oito horas ao longo de dois dias antes de chegar a sua decisão.
A aquisição do Frank pelo JPMorgan Chase se deu no contexto de uma plataforma que visava simplificar o preenchimento do FAFSA, um formulário crucial para estudantes que buscam auxílio financeiro nos Estados Unidos. Contudo, Javice, junto com o ex-executivo Olivier Amar, foi acusada de inflar o número real de usuários da plataforma. Enquanto afirmava ter mais de 4 milhões de usuários, na verdade, o número não ultrapassava os 300 mil.
A defesa de Javice alegou que o JPMorgan tinha mais interesse em sua contratação como diretora de soluções estudantis do que na veracidade dos dados apresentados. A postura do banco, segundo a defesa, visava também manter a inovação da plataforma longe da concorrência. No entanto, os promotores, por sua vez, enfatizaram que a principal preocupação do banco era a aquisição de dados dos estudantes, que poderiam ser utilizados na venda de produtos financeiros, elevando as implicações da acusação.
Testemunhas de peso, como a ex-diretora financeira do Chase, Sarah Youngwood, corroboraram a afirmação de que o banco estava interessado em dados que possibilitariam a promoção de contas e produtos financeiros direcionados aos estudantes.
A audiência de sentença para Javice está agendada para 26 de julho, e o desfecho deste caso poderia ter repercussões significativas para o setor de startups financeiras. A condenação ressalta a necessidade de rigor na verificação de dados durante fusões e aquisições, além de evidenciar a postura firme das autoridades em combater fraudes corporativas nos Estados Unidos. Este caso põe em evidência não apenas a responsabilidade legal de fundadores de startups, mas também a importância da integridade nas informações que sustentam decisões de investimento e aquisição.