O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou que o Brasil dará prioridade às negociações com o governo dos Estados Unidos, antes de tomar qualquer medida em resposta às tarifas recentemente impostas por Washington. Durante uma viagem ao Vietnã, Lula destacou a importância de um diálogo direto com o presidente Donald Trump para discutir as divergências comerciais, salientando que, caso as negociações não avancem, o Brasil poderá recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) ou impor tarifas recíprocas sobre produtos americanos.
As taxas implementadas pelos EUA incluem uma tarifa de 25% sobre automóveis fabricados fora do país, que deverá entrar em vigor em 2 de abril, e outra de 25% sobre aço e alumínio, vigentes desde o último dia 12 de março. Aparentemente, o Brasil não sofre diretamente com a tarifa sobre veículos, mas a interconexão da cadeia global de suprimentos significa que a economia nacional pode ser afetada. Em especial, o impacto da tarifa sobre o aço representa uma preocupação substancial para o setor econômico brasileiro.
Lula enfatizou sua intenção de "gastar todas as palavras do dicionário de negociação" a fim de prevenir medidas retaliatórias e fomentar o livre-comércio com os EUA. Ele não descarta a possibilidade de contatar Trump diretamente, na busca por uma solução que evite conflitos comerciais. Para tal, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira, já se reuniram com representantes norte-americanos para tratar da questão das tarifas.
A balança comercial entre Brasil e EUA revela um superávit considerável para os Estados Unidos, com um saldo de US$ 7 bilhões em um comércio bilateral que atinge US$ 87 bilhões. Lula manifestou preocupações quanto ao impacto das tarifas na economia americana, ressaltando potenciais efeitos negativos sobre a inflação e as taxas de juros. Apesar disso, o presidente brasileiro demonstra disposição para esperar e observar as consequências dessas políticas.
Embora o foco de Lula seja resolver as questões comerciais com os EUA, ele também aponta para a paralisia da OMC, em função da falta de juízes indicados pelos EUA, o que pode complicar a mediação de disputas comerciais. Ele reforçou que o Brasil não está isolado no cenário global e que as ações unilaterais de Washington podem acarretar repercussões desfavoráveis tanto para brasileiros quanto para americanos.