No dia 28 de março de 2025, Mianmar foi abalado por duas potentes atividades sísmicas, com magnitudes de 7.7 e 6.4, cujos epicentros foram identificados proximamente à cidade de Sagaing. Este evento catastrófico gerou pânico e destruição em várias áreas urbanas, particularmente nas densamente povoadas de Mandalay e Nay Pyi Daw, onde muitos edifícios desabaram e a infraestrutura foi severamente comprometida.
A região é notoriamente vulnerável devido à localização da Falha de Sagaing, uma importante fronteira tectônica que separa a Placa Indiana da microplaca de Burma. Estendendo-se por aproximadamente 1.200 km, essa falha tem um histórico conhecido de atividade sísmica intensa, com registros de terremotos significativos, como os de 1946 e 2012, e a recente ocorrência coloca a vulnerabilidade geológica do país em um foco alarmante.
Mianmar se sitúa em uma região considerada uma das mais ativas do mundo em termos sísmicos: o Cinturão Alpídeo. Esta característica geológica é marcada por intensa atividade tectônica, onde as placas se movimentam lateralmente ao longo da Falha de Sagaing. A tensão acumulada nesse processo resulta em atividades sísmicas poderosas, sublinhando o risco contínuo para a população local.
Adicionalmente, a Zona de Subducção de Andaman, localizada a oeste de Mianmar, intensifica a situação, uma vez que a Placa Indiana se insere sob a microplaca de Burma a uma taxa entre 2 e 3,5 cm anualmente. Esta dinâmica não apenas gera terremotos, mas também representa um risco de tsunamis, como evidenciado pela devastação do terremoto de Sumatra de 2004.
Os nascentes terremotos causaram estragos consideráveis em centros urbanos, levando a uma situação crítica em que a infraestrutura existente não estava preparada para absorver a intensidade dos eventos. A UNICEF relatou que pelo menos 19,9 milhões de persones necessitarão de assistência humanitária em Mianmar, incluindo alarmantes 6,3 milhões de crianças.
A recuperação dos danos será uma tarefa monumental. Diante da situação catastrófica, Mianmar lida com uma crise humanitária que é agravada pela combinação de conflitos internos e os impactos das mudanças climáticas. A infraestrutura pública, incluindo estradas e pontes essenciais, foi severamente comprometida, tornando o processo de socorro um grande desafio.
O panorama para a recuperação é preocupante, com a necessidade urgente de apoio internacional na resposta aos desastres e na conversão de esforços em uma assistência humanitária efetiva. O futuro de milhões de vulneráveis, incluindo crianças, depende da mobilização de recursos e da implementação de planos adequados para estabilizar a região diante dessa fúria da natureza.