Uma decisão inesperada da juíza Amy Berman Jackson, da Corte Distrital dos EUA, paralisou as tentativas da administração Trump de desmantelar a Consumer Financial Protection Bureau (CFPB). A ordem, emitida em 28 de março de 2025, visa evitar danos irreparáveis à agência e protege os consumidores de práticas financeiras prejudiciais.
A juíza determinou que a demissão de funcionários da CFPB, sem justa causa, está imediatamente suspensa. Além disso, a decisão estabelece a recontratação de trabalhadores que foram demitidos injustamente. Este movimento representa uma enorme vitória para a National Treasury Employees Union, que defende mais de 1.000 trabalhadores da agência e argumenta que o governo Trump ultrapassou suas prerrogativas ao tentar eliminar uma entidade criada por legislação do Congresso.
A Consumer Financial Protection Bureau foi instituída após a crise financeira de 2008, visando evitar que os consumidores sofressem fraudes e excessos no setor financeiro. A atuação da CFPB é considerada crucial para garantir a transparência e a proteção do consumidor em um ambiente de mercado muitas vezes opaco e complicado.
A administração Trump estava em meio a um tumulto em que suspendeu operações da CFPB, cancelou contratos e demitiu cerca de 70 funcionários. Tais ações causaram um grave desarranjo interno na agência, levando a uma crise administrativa que preocupou defensores dos direitos dos consumidores. Entre os casos emblemáticos está o de Eva Steege, uma pastora que buscava a assistência da CFPB para resolver sua dívida de empréstimo estudantil antes de sua morte, exemplificando a importância do trabalho da agência.
A decisão da juíza se insere em um contexto mais amplo de tensões legais entre a administração Trump e as agências federais. Recentemente, um tribunal de apelações decidiu que Trump poderia demitir membros de conselhos que gerenciam disputas trabalhistas, o que é interpretado como uma vitória para os esforços de controle sobre regulamentações. Entretanto, a ordem que reforça a posição da CFPB evidencia limites ao poder do Executivo, especialmente em questões que envolvem a salvaguarda do interesse público.
Esse desdobramento não apenas reafirma a importância da CFPB, mas também coloca em evidência o papel essencial das agências reguladoras na proteção dos consumidores contra práticas financeiras predatórias, sublinhando a necessidade de um compromisso contínuo com a proteção dos direitos dos cidadãos.