Uma onda de violência sectária abalou a Síria em março de 2025, com Damasco no epicentro da crise. A capital e outras áreas do país sofreram ataques devastadores contra a minoria alauíta, ligada à família Assad, resultando em centenas de mortos e feridos. A tensão se intensificou após confrontos entre grupos armados pró-Assad e forças associadas ao novo governo, que entrou em cena após a queda do regime de Bashar al-Assad em dezembro de 2024.
O líder interino da Síria, Ahmed al-Sharaa, fez promessas de unidade nacional e paz, mas a situação continua crítica, refletindo um passado marcado por conflitos sectários. Com a queda de Assad, liderada pelo grupo islâmico Hayat Tahrir al-Sham (HTS), surgiram esperanças de uma nova era, mas também um ressurgimento de tensões sectárias que se mostraram profundamente enraizadas na sociedade síria.
A violência sectária na Síria não é um fenômeno recente; suas raízes são alimentadas por mais de uma década de guerra civil. Os ataques direcionados aos alauítas, uma minoria muçulmana xiita, têm sido frequentes e violentos, com relatos de humilhações e torturas amplamente divulgados nas redes sociais. Esses atos de brutalidade não apenas evidenciam a fragilidade da convivência pacífica, mas também evidenciam uma luta pela sobrevivência de grupos que se sentem ameaçados em um novo contexto político.
A escalada da violência chamou a atenção da comunidade internacional. Geir Pedersen, o enviado especial da ONU, expressou sua preocupação e chamou a atenção para a necessidade de superação das divisões sectárias, uma condição essencial para evitar um retorno à instabilidade que afetou o país. Além disso, a ONU reivindicou investigações rigorosas sobre os massacres e a responsabilização dos responsáveis. O embaixador do Brasil na Síria, André Santos, destacou a magnitude dos massacres contra civis, enfatizando o componente sectário-religioso que permeia essa tragédia.
A reconstrução da paz na Síria enfrenta barreiras imensas. A economia do país está devastada, e a presença de combatentes estrangeiros complica ainda mais a situação. Muitos veem a formação de um governo de transição e a elaboração de uma nova constituição como essenciais para estabelecer a estabilidade. No entanto, a confiança entre as diversas comunidades sírias permanece baixa, particularmente entre as minorias religiosas, que continuam a temer um governo dominado por ex-combatentes islâmicos. A realidade atual alimenta o receio de que a violência sectária possa se intensificar, dificultando o caminho para uma resolução pacífica.