Ian McKellen, ícone do cinema e do teatro, famoso por seu papel como Gandalf em 'O Senhor dos Anéis' e referência para a comunidade LGBTQIA+, está incentivando que os atores “saibam como entrar no sol” e não escondam quem realmente são.
O renomado ator conversou com o Times London sobre sua experiência em interpretar papéis influentes relacionados à comunidade queer ao longo de sua carreira. Para quem não sabe, Ian se assumiu publicamente durante uma entrevista de rádio da BBC aos 48 anos, em 1988, um enorme marco que ocorreu 25 anos antes da legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo no Reino Unido.
Quase quatro décadas após seu ato de bravura, McKellen continua a encorajar outras celebridades LGBTQIA+ a se assumirem. “Nunca conheci quem se assumiu e se arrependeu”, declarou o astro de 'X-Men'. “Sinto pena de qualquer pessoa famosa que sinta que não pode se assumir. Estar no armário é ridículo — não há necessidade disso. Não ouça seus conselheiros, ouça seu coração.”
Ele também abordou os benefícios de ser aberto sobre a própria sexualidade e observou que nunca houve um ganhador do Oscar de Melhor Ator que fosse abertamente gay. McKellen comparou a situação de atores que permanecem no armário aos atletas masculinos que também guardam essa parte de suas vidas em segredo.
“No esporte feminino, isso não é um problema. Imagino que jovens jogadores de futebol, assim como atores, estejam recebendo conselhos ruins de agentes que se preocupam apenas com seus próprios rendimentos”, disse Ian. “Mas o primeiro jogador da Premier League que se assumir se tornará o mais famoso do mundo, com todas as agências implorando para ter seu nome em seus produtos.”
No ano em que se assumiu, Ian fez isso como uma forma de protesto contra uma legislação proposta pela então primeira-ministra do Reino Unido, Margaret Thatcher, que tentava criminalizar a “promoção da homossexualidade”.
Apesar dos riscos envolvidos, Ian provou que sua coragem valeu a pena. Ele se assumiu no mesmo ano em que interpretou o icônico personagem gay Eduardo II em uma peça na Escócia, que depois foi adaptada para a televisão. Essa produção fez história ao apresentar o primeiro beijo gay na TV britânica. “Ainda recebo mensagens de homens da minha geração que dizem que aquele beijo foi um momento crucial para eles”, comentou Ian ao Times.
Ele também recordou que, durante as apresentações na Escócia, um conselheiro local fez uma denúncia à polícia em virtude da representação da homossexualidade na peça, que ainda era ilegal no país na época. No entanto, após a polícia considerar a peça “adequada para consumo”, Ian destacou que a repercussão do ocorrido fez com que os ingressos se esgotassem.
No entanto, ele também reconhece que a dinâmica do mundo atual pode tornar as circunstâncias mais perigosas, afirmando que “a situação não é tão boa”. Atualmente, vários estados dos EUA estão tentando reverter a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. “Estamos sempre alertas”, ressalta McKellen.
Apesar do cenário desafiador, Ian continua a incentivar os atores queer a viverem sua verdade. “Escutem seus amigos gays que sabem melhor. Saibam como se assumir. Entrem no sol”, concluiu McKellen.
Você pode ler a entrevista completa no Times. Enquanto isso, deixe suas opiniões nos comentários abaixo.