A delegação ucraniana chegou à Arábia Saudita com autoridades americanas, incluindo o secretário de Estado, Marco Rubio, para discutir propostas de cessar-fogo e a possível suspensão do bloqueio à ajuda militar, uma decisão que foi determinada por Trump. Este encontro marca a primeira iniciativa entre os dois países desde a polêmica reunião entre Donald Trump e Volodimir Zelenski na Casa Branca, que resultou na interrupção da assistência militar dos EUA à Ucrânia.
No início da semana, Zelenski se encontrou com o príncipe Saud bin Mishaal bin Abdulaziz em Jeddah, conforme parte desta diplomacia. O ex-presidente Trump havia criticado Zelenski por não aceitar uma proposta de trégua mediada pelos EUA e pela Rússia. O intuito de Trump é pressionar o presidente ucraniano a negociar com Moscou e assinar um acordo que envolve a exploração de terras raras na Ucrânia, um recurso mineral de grande valor.
A delegação ucraniana, chefiada por Andriy Yermak, assessor de Zelenski, se reunirá na próxima terça-feira com Marco Rubio e outros funcionários do governo dos EUA em Jeddah, reconhecido como um território neutro para tais diálogos. Nenhum dos presidentes deverá participar das negociações. Zelenski esteve presente na cidade para tratar com a liderança saudita, que atua como mediadora entre Ucrânia e Rússia.
Em um post no X, Zelenski afirmou: "De nossa parte, estamos totalmente comprometidos com um diálogo construtivo e esperamos discutir e concretizar as decisões e ações necessárias". Ele adicionou que “propostas realistas estão sobre a mesa” e que a rapidez na ação é essencial. Enquanto isso, as forças russas aumentaram suas ofensivas, realizando ataques com mísseis balísticos contra soldados ucranianos que têm se consolidado na região russa de Kursk por sete meses.
Uma autoridade ucraniana revelou à AFP: "Temos uma proposta de cessar-fogo no ar e no mar", justificando que estas opções seriam “fáceis de implementar e monitorar”. Marco Rubio considerou a ideia encorajadora, afirmando: "Não estou dizendo que isso por si só seja suficiente, mas é o tipo de concessão que será necessário para encerrar o conflito". Ele ainda destacou que um cessar-fogo e a resolução da guerra exigem concessões de ambas as partes.
Rubio expressou também sua expectativa de resolver a suspensão da ajuda militar que, segundo ele, poderia prejudicar os esforços da Ucrânia. "A ideia de uma pausa na ajuda, de maneira geral, é algo que espero que possamos resolver. O que ocorrer amanhã será fundamental para isso", completou.
Após a crise no Salão Oval, Zelenski buscou fortalecer a relação com a liderança americana. O presidente ucraniano manifestou disposição para firmar um acordo relacionado à exploração de terras raras, embora tenha poucas esperanças de conseguir garantias de segurança dos EUA, que Kiev considera essenciais para evitar futuros ataques russos. Diante da incerteza sobre o apoio dos Estados Unidos, Zelenski também procurou o fortalecimento da aliança europeia, que respondeu a esse apelo.
Os líderes europeus têm tentado minimizar a dependência de sua defesa em relação aos Estados Unidos. Contudo, Zelenski enfrenta a pressão de manter um bom relacionamento com Washington, que tem sido a principal fonte de apoio militar da Ucrânia desde a invasão russa em 2022. Trump comentou com jornalistas a bordo do Air Force One que os EUA estão "quase" prontos para retomar a ajuda, afirmando: "Queremos fazer tudo que pudermos para que a Ucrânia considere seriamente a ideia de acertar um acordo".
É esperado que a proposta ucraniana inclua a interrupção de ataques com drones e mísseis, além da suspensão das atividades militares no Mar Negro. Zelenski indicou que a iniciativa será um teste do compromisso da Rússia em encontrar uma solução pacífica para o conflito. Contudo, até o presente momento, Vladimir Putin não demonstrou interesse em um cessar-fogo. Zelenski também declarou no início de março que estava preparado para assinar o acordo, dias após as intensas discussões com Trump e o vice-presidente dos EUA, JD Vance, no Salão Oval.