Lula, com sua vasta experiência política, deveria entender a relação entre a economia e a aprovação do governo. No entanto, parece que ele pode estar focando apenas em aspectos numéricos, como o PIB, ignorando que outros fatores também influenciam o eleitor.
No evento de lançamento da preparação para as eleições de 2026, Lula fez uma troca que pode ser considerada de pouca relevância, já que as pastas importantes continuaram nas mãos de petistas. Esses ministros, que já têm um histórico no governo, prometeram novamente compartilhar o poder. Durante a cerimônia, uma ex-ministra da Saúde expressou sua insatisfação com a misoginia, uma questão que Lula parece não estar priorizando, enquanto se esforça para recuperar sua popularidade em queda.
Além das mudanças de ministros, Lula anunciou medidas que visam melhorar a situação econômica dos trabalhadores. Uma delas é uma medida provisória que deve ser divulgada ainda esta semana, a qual facilitará o crédito consignado para trabalhadores do setor privado. Outra proposta é a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil mensais. Junto disso, há planos para alterações no saque do FGTS, que fazem parte do esforço de Lula 3 para recuperar sua imagem aumentando a demanda no mercado.
Apesar da experiência no cargo, Lula pode estar perdendo de vista que a economia não é o único fator que atrai o voto. Existe uma desconexão com a realidade, especialmente quando ele se dirige apenas à sua base de apoio, que, se analisada mais de perto, já não está tão unida quanto antes.
Um grupo oficial de militantes petistas, que possui alcance considerável nas redes sociais, engajou-se recentemente em uma disputa verbal com um sacerdote católico que é ouvido e respeitado por muito mais pessoas. Essa situação, em um dia em que Lula esperava que toda a atenção fosse voltada para suas ações no palácio, exemplifica essa desconexão social e política que se estabeleceu.
Portanto, as novas articulações do governo podem não ser suficientes para resolver a cegueira que se instalou nas relações do governo com a população. É crucial que Lula e sua equipe reflitam sobre como construir um diálogo que realmente chegue a todos os setores da sociedade, e não apenas à sua base tradicional.